Paradoxo da segurança

Paradoxo da segurança

Da coluna de Moacir Pereira (DC, 15/07/08)
O política de segurança pública montada pelo governo Luiz Henrique vem registrando fatos paradoxais, alguns positivos, outros nunca antes assinalados na história de Santa Catarina. Esta inexplicável fuga de 43 presos do Cadeião do Estreito só tem duas motivações: ou foi arranjada, mediante pagamento de propina, ou revelou uma incompetência tonteante. A misteriosa saída simultânea do plantão de dois agentes prisionais, num presídio superlotado, levanta múltiplas suspeitas. A descabida ação do policial reformado que foi rendido pelos presos, contrariando todas as regras de segurança, é outro enigma a ser desvendado pela Secretaria de Segurança.
O Cadeião já havia sido interditado pelo Ministério Público por falta de condições e excesso de lotação. Num espaço destinado a 70 presos, abrigam-se, como sardinhas mal-enlatadas, 129 pessoas, vivendo em condições subumanas e comprometendo qualquer política séria de recuperação social. Situação mais grave foi denunciada pela TV no presídio da Ilha, situado na área mais nobre da cidade. Um cenário de promiscuidade, também causado por superlotação.
O secretário Ronaldo Benedet queixa-se, com alguma razão, que as comunidades de São Pedro de Alcântara e São José posicionam-se contra a construção de uma nova penitenciária, o que aliviaria os presídios regionais, evitando estas ocorrências, que elevam o nível de tensão e de insegurança da população. O governo tem projeto, os recursos e a área física para executar as obras. Mas não teve competência para eliminar a resistência comunitária com uma urgente ação política.