23 ago Governo do Estado analisa propostas finais de ligação Ilha-Continente
Transporte marítimo, pod-sit (carro elétrico) e monotrilho. São esses os modais que o governo de Santa Catarina tem em mãos para transformar em realidade uma nova forma de ligação entre a Ilha de Santa Catarina e as cidades da Grande Florianópolis. Eles fazem parte dos dois projetos finais, inscritos por PMI (procedimento de manifestação de interesse). Técnicos e secretários do governo vão selecionar o que será aproveitado de cada proposta. A decisão final ainda não tem data para ser divulgada, apesar de o governador Raimundo Colombo exigir agilidade.
Uma das propostas em análise é da CCR. A empresa indica a elaboração de estações para transporte marítimo. O outro projeto selecionado foi criado pelas empresas Quark, MPE, Scomi e Brasell, que foi nomeado consórcio Floripa em Movimento. Neste, há sugestão de elaboração do pod-sit, transporte marítimo e monotrilho.
O governador preferiu não manifestar qual dos modais mais o agradou. “Vamos analisar cada um deles para verificar o que será melhor para a região, principalmente no que se refere aos custos de tarifa e também do aporte do governo”, garantiu Colombo, lembrando que outra parte fundamental das pesquisas são os dados atualizados que foram recolhidos pelas empresas.
Entre eles, está o número de veículos que entra nos dias úteis na Ilha: 109.870. O resultado foi calculado pela CCR. “Agora temos os valores numéricos que traduzem a realidade do trânsito da Grande Florianópolis”, completou Colombo.
O engenheiro da SC Parcerias SA, Guilherme Medeiros, explica que no modelo de PMI o governo não tem nenhum custo com a elaboração do projeto, e pode usar detalhes específicos de cada uma das propostas. Não há necessidade de aplicar integralmente um ou outro. “O governo tem até a liberdade de não utilizar nenhum deles”, explicou.
Assim que for definida a opção, o projeto entra em uma fase ainda mais complexa. A de elaboração do EIA/Rima (Estudo de impacto ambiental e relatório de impacto no meio ambiente). Somente depois dos estudos aprovados e de audiências públicas é que a licitação poderá acontecer. “Independentemente da escolha, teremos que fazer esse estudo que normalmente leva um tempo considerável”, disse o engenheiro da SC Parcerias, Guilherme Medeiros.
A intenção inicial do governo do Estado é de licitar o projeto no começo do próximo ano. “Faremos o possível para cumprir as metas, mas não podemos ser irresponsáveis e licitar um modal sem ter certeza do que faremos”, completou Medeiros.
Em todas as propostas apresentadas existe a criação de terminais – marítimos ou de ligação terrestre – nos bairros de Campinas ou Barreiros em São José. A prefeita Adeliana Dal Pont, que participou ao lado dos prefeitos de Palhoça, Biguaçu e Florianópolis da apresentação dos projetos, afirmou que deseja participar ativamente da elaboração das propostas. “São José sofre por ser uma cidade de passagem, por isso, quanto melhores as opções de transporte, melhor para os moradores de toda região”, assegurou.
CCR
A opção planejada pela CCR oferece o transporte marítimo de carros e de passageiros. Para a execução total do projeto seriam investidos R$ 941 milhões, com aporte imediato de R$ 500 milhões do governo de Santa Catarina, com compensação anual de R$ 41 milhões, também pelo Estado. O tempo de concessão seria de 30 anos.
O valor sugerido para a tarifa seria de R$ 4 para passageiros e R$ 15 ou R$ 20 para veículos. Se aprovado de forma integral, a obra começaria no primeiro semestre de 2014 e estaria totalmente entregue em um ano.
A sugestão da empresa é a aquisição de 14 barcos com capacidade para 500 passageiros. Seriam embarcações semelhantes às que hoje fazem a ligação entre Rio de Janeiro e Niterói. Para os ferryboats, seriam necessárias 24 unidades que transportariam 102 veículos.
Os terminais sugeridos estão na Ilha e no Continente. Na Capital estariam nos bairros de Canasvieiras, Centro e Saco dos Limões. Nas cidades da Grande Florianópolis, os terminais estariam localizados em Barreiros e Kobrasol, em São José. O tempo da viagem foi calculado entre 25 e 90 minutos, dependendo do trecho. Os barcos sairiam de 10 em 10 minutos.
Floripa em Movimento
Se for escolhido na totalidade, o projeto do consórcio Floripa em Movimento custaria R$ 5,1 bilhões. Esse valor permitiria a construção do monotrilho, do transporte marítimo, do pod-sit, além dos estacionamentos e terminais de integração. Neste caso, o aporte imediato do governo seria de R$ 1,072 bilhão e a compensação anual de R$ 319 milhões.
Na proposta, a execução do projeto aconteceria em três etapas. Na primeira, entraria em cena o transporte marítimo, com um ano e meio até a inauguração. O monotrilho estaria na segunda fase, com três anos de elaboração e, por fim, o pod-sit com um ano e meio para a entrega das obras. Se começasse em 2014, todo o projeto estaria funcionando até 2021. As estimativas do consórcio são de transportar, em 2030, 312 mil passageiros todos os meses.
O monotrilho teria 11 km de extensão, saindo do Centro de Florianópolis, passando pelos bairros Estreito, Capoeiras, Kobrasol e Campinas. Outra linha circularia na região de Barreiros, também em São José. Seriam adquiridos seis trens com capacidade de 540 passageiros, com possibilidade de ampliar para até 16 trens. Neste caso, a travessia Ilha-Continente aconteceria por uma nova ponte, exclusiva para o modal.
O sistema pod-sit utilizaria as passarelas desativadas das pontes existentes e circularia apenas nos bairros da Capital. Por fim, o transporte marítimo faria a ligação entre Barreiros, Centro de Florianópolis e Kobrasol.
Outra proposta do projeto é criar três terminais de integração de todos os modais. Um estaria no Centro, onde hoje está localizada a rodoviária Rita Maria. O Ticen seria desativado e transformado em estacionamento e, os arredores, em um parque. Os outros dois terminais estariam nos bairros Kobrasol e Barreiros. Na proposta, as tarifas variam entre R$ 2,60 e R$ 5,30 e o tempo de viagem estimado é de meia hora, dependendo do modal.
(ND, 22/08/2013)
Alternativa pelo mar é detalhada
Barcas para passageiros e ferry boats para carros como alternativa aos ônibus que entram e saem da Ilha de Santa Catarina todos os dias. A segunda proposta da quarta ligação Ilha-Continente aposta no mar para minimizar e resolver o problema de estrangulamento das pontes Pedro Ivo e Colombo Salles em horários de pico.
A proposta é da Companhia de Concessões Rodoviárias (CCR), que já opera as barcas da travessia Rio-Niterói. O outro projeto que também está em jogo é do Consórcio Floripa em Movimento, prevendo a implantação de monotrilhos, barcas de transporte marítimo e POD-SIT.
O processo, porém, vai demorar mais que o previsto – o lançamento do edital de licitação estava programado para o fim deste ano e o início da obra para o primeiro semestre de 2014. O que vai estender o prazo é a elaboração do estudo de impacto ambiental (EIA-Rima) do projeto escolhido.
(DC, 23/08/2013)