29 abr Teleféricos rumo à imobilidade
Artigo de Márcio Ponte – professor, sociólogo e cientista político (DC, 27/04/2013)
No momento em que se busca o melhor modelo para resolver problemas de mobilidade urbana na Grande Florianópolis, é oportuno aprofundar a discussão sobre as possíveis soluções. Uma delas em especial, o teleférico, chama a atenção, uma vez que seu funcionamento pode ser comprometido por diversos fatores.
Durante o Fórum Internacional sobre Mobilidade Urbana, em Florianópolis, o especialista que palestrou sobre a utilização de teleféricos explicou que o sistema é viável em condições de vento de até 120 km/hora – com adaptações robustas. Também informou sobre o uso quando há risco de descargas elétricas. Neste ano, os raios no Rio de Janeiro fizeram com que o teleférico do Complexo do Alemão fosse parado várias vezes.
O modelo não pode ser considerado um transporte de massa, uma vez que só atende a uma pequena parcela dos habitantes da área, servindo mais como atração para turistas. O teleférico do Alemão atende a 11% da população do complexo, bem abaixo dos 70% previstos na inauguração. Isso a um custo de R$ 2 milhões/mês aos cofres do governo do Estado.
Florianópolis garantiu recursos do PAC 2 para a implantação de um teleférico similar ao do Alemão, ligando a UFSC ao Centro, passando pelo Morro da Cruz. Duas empresas manifestaram interesse e em junho devem apresentar propostas. Um dos grupos fala em teleféricos, enquanto o outro prevê um sistema inteligente de transporte, referência na Inglaterra. As duas propostas serão integradas a outros mecanismos de transporte de massa.
É fundamental que os modelos em discussão sejam apresentados à sociedade para evitar que Florianópolis repita os erros do Rio de Janeiro. O transporte público a ser definido precisa atender à comunidade e não ao turista.