15 jan Vazamento paralisa produção de ostras
Parte do mar do Sul da Ilha está contaminado com produto que pode ser cancerígeno ao homem
Águas de parte do Ribeirão da Ilha e Tapera, na Capital, podem estar contaminadas com ascarel, produto cancerígeno, por causa do vazamento do óleo de transformadores do antigo Centro de Treinamento da Celesc.
A Fundação do Meio Ambiente (Fatma) proibiu provisoriamente a extração de qualquer molusco e peixes em uma área de 730 hectares na região, considerada a principal produtora de ostras de SC, líder no cultivo entre os estados do país.
O resultado do laudo solicitado pela Fatma, que aponta a presença do produto no canal de drenagem em direção ao mar, foi divulgado pela prefeitura. Foram embargadas 28 fazendas de ostras, que representam 30% do cultivo no Ribeirão da Ilha. A área embargada fica entre a Praia da Mutuca e a Freguesia do Ribeirão.
A contaminação teria ocorrido em 16 de novembro, mas a denúncia só chegou ao órgão em 20 de dezembro. De acordo com o presidente da Fatma, Murilo Flores, a proibição da extração de moluscos e peixes só veio agora porque os técnicos do órgão não tinham noção de que poderia ter o produto químico no óleo que vazou.
Apreensivos com a situação, os maricultores do Ribeirão da Ilha foram à Secretaria de Estado da Agricultura e da Pesca, na tarde de ontem.
– Caso seja comprovada contaminação, os moluscos dessas fazendas serão exterminados e os produtores indenizados – diz o secretário executivo do Comitê Estadual de Controle Higiênico Sanitário de Moluscos, Roni Tadeu Barbosa.
De acordo com o presidente da Associação Catarinense de Aquicultura, Antônio Mello, os produtores estão preocupados com os prejuízos.
(DC, 15/01/2013)
Justiça vai decidir responsabilidade
Quem será responsabilizado pelo prejuízo à saúde e meio ambiente ainda não está foi definido. Os transformadores, de onde vazaram o óleo, estão localizados na área em processo de permuta, passando da Celesc para a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). O presidente da Fatma, Murilo Flores, informou ter notificado as duas entidades, mas acredita que a decisão final cairá nas mãos da Justiça.
O presidente da Fatma disse que os transformadores pertenciam à Celesc, mas que o terreno está sob o domínio da UFSC. O procurador da universidade, Cesar Azambuja, afirmou que a UFSC não recebeu o imóvel que seria acrescentado à Fazenda da Ressacada – estação experimental do Centro de Ciências Agrárias – porque a área estaria alienada por causa de dívidas da estatal.
– Não houve a efetivação. A propriedade continua com a Celesc, tanto que conta com vigilância contratada pela estatal no local – observou.
Em nota, a Celesc informou que em 27 de dezembro foram removidos completamente o volume de óleo do canal e que as amostras responsáveis pelo embargo da Fatma foram coletadas em 20 de dezembro, antes do início das ações emergenciais adotadas pela empresa de geração e distribuição de energia elétrica.
(DC, 15/01/2013)
“Pode haver riscos, mas é tardiamente”
Jorge Freitas, Especialista em educação ambiental e biólogo da Coordenadoria de Gestão Ambiental da Pró-Reitoria de Planejamento da UFSC
O biólogo da UFSC disse, por telefone, ao DC, que o ascarel, apresenta sintomas cumultativos prejudiciais à saúde.
Diário Catarinense – Quais os riscos que o ascarel pode causar à saúde?
Jorge Freitas– O ascarel é tóxico, por isso foi proibido em 1981. Nele há uma substância cancerígena que também pode causar tumores irreversíveis a longo prazo. Tudo isso depende da região do corpo que teve acesso ao produto e da forma como esse acesso ocorreu: se foi manuseado, aspirado ou ingerido.
DC – E quem teve acesso à água do mar ou ingeriu frutos do mar neste últimos dois meses deve ficar preocupado?
Freitas – Dificilmente haverá grandes problemas. As baías Sul e Norte têm um poder de purificação muito grande, justamente pelas marés baixas e altas. Esse vai-e-vem do mar é capaz de diluir qualquer tipo de material que entra nele. A gente come coisas muito mais contaminadas do que isso. Se realmente fez mal, a pessoa deve ter sentido pequenos sintomas imediatos de intoxicação, como em qualquer outro veneno.
DC – E o contato constante?
Freitas – Se foi constante mesmo, aí pode haver risco de problema sim. Mas qualquer que for a doença, ela vai ocorrer muito tardiamente. Muitas vezes, as pessoas nem a associam àquele evento. É mais ou menos o que ocorre com os fumantes, que estão sendo contaminados sistematicamente durante um longo período da vida e só percebem mais adiante.
(DC, 15/01/2013)
Prefeitura de Florianópolis embarga área de vazamento de óleo no Sul da Ilha
A região entre a praia da Mutuca até a Freguesia do Riberão da Ilha, onde vazou óleo da estação da Celesc, acaba de ser embargada
A Fundação do Meio Ambiente (Fatma) embargou temporariamente qualquer atividade no mar na região que compreende a Praia da Mutuca, no Bairro Tapera, até a Freguesia do Ribeirão da Ilha, em Florianópolis.
A medida acontece em razão do derramamento de óleo isolante de equipamento de energia elétrica da Celesc, que foi descoberto no dia 19 de dezembro de 2012. Segundo a Fatma, há a possibilidade de contaminação da fauna, flora e riscos à saúde pública.
De acordo com análises químicas prévias, o óleo contém concentrações significativas de substâncias denominadas “Bifenilas Policloradas”, que podem trazer sérios problemas ao meio ambiente e à saúde, dependendo do grau de exposição e concentração.
Uma análise ambiental está sendo feita no local e, até que o resultado saia, o embargo está mantido.
(ND, 15/01/2013)