Ambientalista denuncia degradação do Morro da Pedra Branca em Santa Catarina

Ambientalista denuncia degradação do Morro da Pedra Branca em Santa Catarina

Segundo o ambientalista Altair Silva o Morro da Pedra Branca é o mais importante centro de escalada de Santa Catarina, além disso, é berço de diversas espécies de animais e possui nascentes de água que dão sustento às espécies da região e para às famílias que residem próximo ao local. Qualquer um pode chegar lá, ou através de caminhadas ou escaladas.
O Morro da Pedra Branca que fica localizado entre as divisas de São José, Palhoça e São Pedro de Alcântara, a menos de 20 km de Florianópolis, é um dos cartões postais da região, berço de várias espécies, como macacos, tucanos, roedores, bromélias, orquídeas, cobras, mas que volta e meia sofre com a irresponsabilidade de quem visita o espaço.
“Infelizmente, a proximidade com a cidade, vem acelerando o processo de degradação, sendo a maior ameaça a este recurso natural” explica o montanhista e ambientalista Altair Silva, 38 anos, que há mais de dez anos ajuda preservar o espaço. “Este problema, entretanto, pode ser a própria solução, pois o homem já percebeu a importância em preservar áreas, onde se possa alcançar uma experimentação direta com o meio ambiente, para a formação de uma consciência ambiental e o exercício pleno da cidadania”, complementa o montanhista.
Nos últimos anos, a Pedra Branca vem sofrendo forte degradação, como desmatamento, erosão na trilha (causada por jipeiros e motoqueiros que freqüentam o espaço), lixo deixado pelos visitantes, caça de animais, soterramento das nascentes de águas, retirada ilegal de palmito, queimadas, minas de extração de barro, entre outros. “Tudo isso causa enormes prejuízos ambientais e todo mundo sai prejudicado”, explica Altair. “A abertura da estrada que liga o Sertão do Maruim à Colônia Santana, foi o início do processo, pois não foi realizado um planejamento adequado e acabou provocando profundas erosões no local”, lamenta.
Para o ambientalista a solução está na criação de um parque no Morro da Pedra Branca. “A melhor alternativa para preservar este verdadeiro patrimônio da humanidade é a criação de um parque, aberto a visitação pública. Assim será possível reforçar a educação ambiental e a prática de esportes, dentro de um processo de organização que não traga prejuízo a natureza”, sugere, lembrando que hoje o local é totalmente abandonado, sem nenhum cuidado especial, apenas voluntário, de ambientalistas que costumam retirar grandes quantidades de lixo depositado irresponsavelmente por freqüentadores. “Com um parque regulamentado será possível ter alguém responsável cuidando do local que impossibilitará a destruição ambiental”, diz.
Outro problema citado pelo ambientalista é a extração de barro no morro, realizada pela Mina Pedra Branca, que tem autorização para desempenhar o serviço até 20 de dezembro de 2009. “O que nos preocupa é que se até o momento esta extração de barro já ocasionou diversos prejuízos para o meio ambiente, e fico imaginando o que poderá acontecer até o final deste prazo com o Morro e com a natureza”, sinaliza Altair. “A extração de barro é feita por duas máquinas que trabalham dia e noite, domingos e feriados. E isso provoca erosão e, além disso, a empresa retira água das nascentes, o que é proibido por lei. Os danos são incalculáveis à Mata Atlântica”, lamenta o ambientalista.
Além disso, o barro extraído pela empresa Mina Pedra Branca, segundo fontes, é utilizado pela Prefeitura Municipal de Palhoça, que a aproveita para fazer o aterro de um loteamento comercial, na cidade. Apesar dos danos ambientais, a empresa tem licença ambiental de operação (LAO), 319. F 05 MIN/458/CODAM-FL vencimentos 20.12.2009. “Com toda esta destruição, quanto tempo vai demorar para que a natureza consiga se recuperar e readquirir o que foi desmatado?”, finaliza.
(Jornal Metropolitano, 11/04/08)