07 dez Serviço da Zona Azul pode ser mantido em Florianópolis
O destino da Zona Azul da Capital pode ser definido no próximo dia 17. Uma reunião entre Ministério Público do Trabalho, equipe de transição do prefeito eleito Cesar Souza Júnior, representantes da atual administração e sindicato dos trabalhadores deve pôr fim ao impasse que prejudica os usuários do sistema de estacionamento rotativo no Centro.
Segundo o coordenador da equipe de transição, Gustavo Miroski, que repassou informações por meio da assessoria de imprensa, o intuito é discutir uma forma de expandir o convênio com a Aflov (Associação Florianopolitana de Voluntários), impedindo, dessa forma, que o serviço seja finalizado a partir de janeiro.
Apesar dos funcionários da Zona Azul ainda permanecerem nas ruas, a bagunça tomou conta do sistema, dando uma ideia de como ficará o serviço no próximo ano. Depois do aviso prévio, dado no dia 28 de novembro como prenúncio do fim do convênio entre prefeitura e Aflov, os trabalhadores alegam não ter mais materiais para garantir a rotatividade e a arrecadação das 4.500 vagas.Apenas dez palms ainda estão nas mãos dos trabalhadores.
Assim, não é possível fiscalizar os carros que não têm os bilhetes em papel e que utilizam o sistema de pagamento pela internet. Os veículos sem cartões ficam estacionados por várias horas no mesmo local e não podem ser autuados.“Estamos na rua só para vender o cartão. Os flanelinhas começaram a aparecer e a tendência é ficar pior. Vai acabar completamente a rotatividade”, afirmou Alexandre Fernandes, supervisor do sistema e trabalhador da Zona Azul há 15 anos.
Na semana passada, os funcionários paralisaram as atividades, protestaram no Ipuf (Instituto de Planejamento Urbano de Florianópolis) e no gabinete do prefeito Dario Berger, pedindo melhores condições de trabalho e a garantia do pagamento do 13º salário.Havia rumores de que a prefeitura não tinha dinheiro para pagar os quase 150 funcionários. A primeira parcela foi depositada na terça-feira, mas os monitores ainda temem pelo pagamento do salário, amanhã.
Poucos trabalhadores
A Zona Azul está praticamente desativada. Além da falta de material, inclusive telefones celulares, a situação de aviso prévio levou muitos funcionários a finalizarem expediente duas horas antes do previsto. Alguns escolheram deixar o serviço no dia 25 de dezembro. Ficou difícil encontrar os trabalhadores nas ruas da Capital.Mas a possibilidade do convênio ser prorrogado anima grande parte dos funcionários.
“Queria ficar. Eu preciso trabalhar. Tenho dois filhos e só o salário do marido não dá. É minha única renda. Um bom emprego, mas bagunçado”, disse uma das monitoras que não quis se identificar com medo de represálias. Ela recebe R$ 830 por mês, mais vale alimentação de R$ 103, por seis horas diárias de trabalho. Ela contou que foi quase agredida por usuários revoltados com o serviço. “Não é culpa nossa, eles têm que entender o nosso lado. Não temos material. Estamos cumprindo o aviso prévio, mas é complicado assim”, relatou.
Usuários ficam confusos
Muitos usuários pedem ajuda aos monitores, querem saber se o serviço está funcionando. Aaron Terra Lima, 30 anos, coloca os bilhetes de estacionamento para não correr o risco de ser multado. “Estou bem desinformado. Não tinha certeza se eles estavam trabalhando, então não quis arriscar. Eles estão trabalhando?”, perguntou.
De acordo com a presidente da Aflov, Carmen Halsey, a orientação é para que todos os trabalhadores estejam na rua e vendam da forma antiga, sem o palm. “Não é minha obrigação, não sou gestora administrativa da Zona Azul. Isso é função do Ipuf. Mas conversei com os trabalhadores porque estão sob nossa responsabilidade”, afirmou.
O superintendente do Ipuf, José Carlos Rauen, foi procurado pela reportagem, mas não foi localizado. Sobre a falta dos palms, Carmen disse que alguns equipamentos ficaram sucateados, já que o convênio entre prefeitura e empresa termina no dia 31 de dezembro.
Entenda o caso
– Prefeitura repassa cerca de R$ 300 mil para a Aflov, para pagamento dos funcionários.
– O valor estimado para a demissão dos 148 trabalhadores era de R$ 1,3 milhão em agosto, quando foi firmado um TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) entre prefeitura e Ministério Público do Trabalho.
– Na época, o superintendente do Ipuf, José Carlos Rauen, afirmou que seria aberta licitação para pagar a conta das demissões.
– A licitação não foi aberta, mas o convênio, que terminava em agosto, foi prorrogado até dezembro, como estava previsto no documento.
(ND, 07/12/2012)