19 nov SC trabalha para assumir a liderança na produção
Exponáutica, que começa hoje, abre inscrição para cursos que vão preparar mão de obra qualificada para atender ao mercado
Santa Catarina é o segundo maior produtor do Brasil de barcos de lazer. E passou o Rio de Janeiro no número de estaleiros, assumindo a segunda posição, também, como polo náutico no país. A nova posição do Estado será divulgada hoje pelo Sebrae-SC na Exponáutica.
Com a chegada da maior fabricante mundial a Joinville, a americana Brunswick, além da negociação com outras empresas estrangeiras, a expectativa do setor é dobrar a produção em 2013, avançando ao primeiro lugar do ranking. Segundo o Sebrae-SC, SP segue na liderança como polo náutico do país, com 35% dos estaleiros. SC já teria 22% dos fabricantes, seguido do Rio, com 14%.
Além da Brunswick, que inaugurou, na semana passada, a sua primeira fábrica na América Latina, SC se destaca por outras indústrias de peso, como a Schaefer Yachts, de Palhoça. A empresa líder em embarcações de lazer de alto padrão deve fechar o ano com 10% de crescimento.
Leandro Ferrari, presidente da Associação Catarinense de Marinas e Garagens Náuticas (Acatmar), percebeu, este ano, em uma feira náutica em Gênova, na Itália, como SC está na mira dos estaleiros. Em um só dia de evento, 50 empresas demonstraram vontade de investir no Estado. É por isso que a expectativa do empresário é de que o setor cresça 40% em 2013.
O aquecimento do setor vem acompanhado de ações de profissionalização do setor náutico. De acordo com Ferrari, dois cursos gratuitos para 25 pessoas, cada, vão ser oferecidos na Faculdade Municipal de Palhoça (FMP) ainda neste ano. As inscrições estarão abertas na Exponáutica.
(DC, 15/11/2012)
Marinas dividem opiniões
A necessidade de marinas para alavancar a produção catarinense divide opiniões no setor. Leandro Ferrari, presidente da Acatmar, acredita que o Estado só não retém mais do que 20% das embarcações que produz por falta de espaço para atracação. O empresário defende que não é preciso construir mais marinas, e sim melhorar as que já existem para suportem embarcações de grande porte.
Para Ferrari, o ideal é que essas marinas recebam licença ambiental, além de incentivos do BNDES para investirem, principalmente, em trapiches flutuantes.
SC tem 60 marinas, segundo a Acatmar
Em todo o Estado, de acordo com a Acatmar, há cerca de 60 marinas. E o número de estaleiros, que fabricam barcos de 14 pés até 80 pés, é de 30, segundo dados do Sebrae-SC.
O dono da Marina 3 Mares, em Biguaçu, Luiz Lunardelli, afirma que a falta de espaço não é problema.
– Em 10 anos, a minha marina jamais trabalhou com 100% de ocupação. A taxa média é de 70%. Falta, sim, espaço para as embarcações maiores. Mas, para se ter uma ideia, há somente um barco acima de 60 pés em Florianópolis. O investimento em marinas privilegiaria um público muito específico, que compra barcos de R$ 3 milhões a R$ 6 milhões.
O presidente da Schaefer Yachts, Márcio Schaefer, opina que as marinas de SC precisam melhorar muito. Para ele, não é da responsabilidade do Estado construí-las, mas investir em saúde e educação. O que o governo deveria fazer, segundo ele, é uma legislação clara para a construção, além de incentivar o setor.
O maior problema, de acordo com Schaefer, são os turistas que o Estado – principalmente a Capital – perde por não ter marinas melhores.
– Com exceção do Iate Clube (Veleiros da Ilha) não há lugar para desembarcar na Ilha.
O executivo esclarece que a falta de estrutura não freia a produção da empresa, que vende 90% da sua produção para outros estados do Brasil. Mas que SC, que é um estado importante para a empresa, fica limitada.
Schaefer afirma que a própria empresa está construindo um travel de 75 toneladas, ao lado da ponte Hercílio Luz, para transportar os seus barcos, já que a cidade não oferece estrutura suficiente. Apenas a empresa de Schaefer tem 850 funcionários e, no ano passado, pagou R$ 30 milhões em impostos.
LUIZ LUNARDELLI, Proprietário da Marina 3 Mares:
“Em 10 anos, minha marina jamais trabalhou 100%. A taxa média é de 70%. Falta espaço para embarcações maiores.”
(DC, 15/11/2012)