Mobilidade em questão

Mobilidade em questão

Os congestionamentos que emperram o fluxo do trânsito nas metrópoles e na maioria das cidades de porte médio do Brasil tornaram-se rotineiros nesses anos recentes. Na manhã de ontem, por exemplo, os moradores de São Paulo enfrentaram filas que se estendiam por 270 quilômetros. O exemplo é extremo, mas ilustra com perfeição um problema que avilta a qualidade de vida das populações e causa prejuízos alentados à economia. Resolver a questão da mobilidade urbana, hoje, é um dos principais desafios para os administradores públicos. Florianópolis sofre deste mal em fase aguda. Nos chamados horários de pico, as filas se multiplicam, atormentando os moradores da Capital e região circundante, que somam mais de 800 mil pessoas. A situação já ultrapassou o limite suportável e exige respostas imediatas.
A hora é propícia para a cobrança e para as ações necessárias. O prefeito eleito da Capital, que no momento trabalha na montagem da sua equipe, colocou a questão da mobilidade no topo de suas promessas de campanha. E se não encará-la tão logo tome posse semeará decepção. Não será fácil levar à frente o empreendimento, eis que implica mexer com interesses econômicos poderosos. Há que tomar uma firme decisão política. Acertar o rumo e nele persistir. Chegamos a esta situação em função de um tipo de ocupação desordenada e predadora do espaço urbano. O trabalho começa por reordená-la e mantê-la sob rígido controle.
Em palestra que proferiu sobre mobilidade urbana, semana passada, na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), o professor catalão Francesc Ventura, o homem que comandou a reforma da cidade de Barcelona para receber a Olimpíada de 1992, disse que a principal ação foi priorizar o transporte coletivo e ampliar o espaço para pedestres e ciclistas. Este também parece ser um bom começo para a nossa Capital. Por suposto, há, igualmente, necessidade de investimentos consistentes em obras para desmanchar alguns notórios gargalos que estrangulam o trânsito. Projetos e propostas não faltam. Todos estão encalhados na burocracia ou à míngua de recursos.
Sublinhe-se, sempre, que somente a implantação de um serviço de transporte coletivo eficiente, seguro e econômico, integrando vários modais – inclusive o marítimo –, será capaz de diminuir o uso de veículos particulares, desobstruindo as artérias da região conurbada.
Com o amparo e força dos governos federal e estadual, os novos prefeitos que assumirão o comando em janeiro devem honrar seus discursos eleitorais com a presteza exigida.
(Opinião, DC, 13/11/2012)