08 nov Dário Berger deverá aprovar projetos de zoneamento
Câmara realiza sessão polêmica e coloca atual prefeito e Cesar Souza Junior em posições opostas sobre discussão dos projetos
Depois de uma votação polêmica na noite de terça-feira, onde a Câmara de Vereadores da Capital colocou na pauta do plenário nove projetos polêmicos envolvendo alterações de zoneamento em Florianópolis, quatro deles devem contar com a aprovação do atua prefeito Dário Berger (PMDB).
Seis propostas foram aprovadas e a única que o prefeito pretende vetar é a que promove alterações no Campeche, no Sul da ilha.
– Vou analisar com muito equilíbrio, respeitando o princípio democrático da transparência, mas é provável que o projeto do Campeche seja vetado – disse Dário.
O prefeito afirmou que a maioria dos projetos aprovados são de autoria do Executivo, e que estão na gaveta há muito tempo. Disse que o município perdeu financiamentos devido à demora na aprovação – alguns esperam há mais de dois anos:
– Eles fizeram um pacotão com os projetos que já tínhamos, que têm interesse social, principalmente para projetos do Minha Casa, Minha Vida, e colocaram junto projetos com interesses específicos. Esses foram reprovados. Acharam que a população e a imprensa não iam perceber e que passariam na Câmara, não foi o que aconteceu.
Mudança provoca indignação do prefeito eleito da Capital
Em viagem aos Estados Unidos, o prefeito eleito Cesar Souza Junior (PSD) se manifestou contra a votação. Em conversa por telefone com o vice-prefeito eleito e atual vereador, João Amin, afirmou que a notícia causou surpresa e indignação. Disse que não concorda com mudanças pontuais.
Cesar defende que as alterações devem ser realizadas através da aprovação do Plano Diretor. Amin, que votou a favor de três projetos, afirmou que foi contra o requerimento que antecipou a votação – deveria se realizar na quarta-feira e foi antecipada para a noite de terça-feira, driblando a participação popular –, e reafirmou o compromisso de campanha de aprovar o Plano Diretor no próximo ano:
– A gente mantém a opinião da campanha. Não vamos jogar no lixo mais de 1,4 mil audiências públicas.
(DC, 08/11/2012)
Ausência de compromisso com a cidade
Da coluna de Carlos Damião (ND, 08/11/2012)
Mudanças de zoneamento indicam desrespeito às normas urbanísticas vigentes e, sobretudo, desprezo à cidadania
Longe de questionar a legitimidade do mandato de um vereador, o que discutimos, na imprensa e nas redes sociais, é a autoridade em que se investem alguns parlamentares para ignorar qualquer iniciativa séria de planejamento urbano em Florianópolis. Pior, promovendo mudanças de zoneamento no apagar das luzes de uma legislatura muito questionada, criticada e bagunçada, ignorando a existência de um plano diretor (de 1997) e de um novo plano diretor em gestação, que deveria ter ficado pronto em 2006. Não se trata de criticar vereadores pelo prazer de criticar ou malhar. O que a cidadania esperava de seus representantes, na sessão de terça-feira (6), era que suspendessem a segunda votação da “colcha de retalhos” do zoneamento urbano, aprovada em surdina na primeira votação, em setembro. Mas, ao contrário disso, alguns vereadores decidiram peitar a cidadania e promover alterações que deveriam – se houvesse amor a Florianópolis – passar pelo crivo criterioso das comunidades e dos setores técnicos competentes. Ao fim e ao cabo, o que falta a muitos vereadores é, justamente, o compromisso e o respeito com a cidade. E não adianta apontar o dedo para a imprensa e para as redes sociais. Autoritarismo não combina com a sociedade moderna e democrática.
Cesar confirma nomes e diz que é inadmissível alterar zoneamento da Capital agora
Com embarque marcado para o final da tarde desta quinta-feira, pela hora oficial de Brasília, o prefeito eleito Cesar Souza Júnior (PSD) deixa Miami, nos Estados Unidos, com planos definidos de mergulhar na reforma administrativa que pretende encaminhar à Câmara e, a partir dela, fazer os convites oficiais para compor o secretariado. Cesar se deu um prazo dentro dos próximos 45 dias, que considera um período fundamental, para a montagem de seu governo.
Não foram exatamente dias de descanso, confessa o prefeito eleito, ao lembrar que o passeio no parque temático da Disney, em Orlando (Flórida), foi um tempo para a filha Lara, de 2 anos, algo que ele devia à pequena desde que começou a articulação para concorrer à prefeitura. Enquanto a menina descansava depois de um dia de passeio, o pai político conseguiu atender o telefone, na primeira entrevista que concedeu desde que chegou aos Estados Unidos.
Mesmo assim, Cesar se considera revigorado. Os dias passados no exterior, pouco mais de uma semana e meia, deram condições para que o pessedista clareasse as ideias sobre nomes e cargos. A promessa é anunciar a nominata no mês que vem, pois o contato com os mapeados será iniciado e oficializado a partir de segunda-feira. “O primeiro que deve saber é quem será convidado”, adianta Cesar, que confirma que os fieis escudeiros Gustavo Miroski, Carlos Eduardo Machado, o Mamute, e Ronaldo Freire, atual presidente municipal do PSD, estarão ao seu lado no governo, mas não exatamente na condição de secretários.
Outros que terão espaço são o advogado Alessandro Abreu, presidente municipal do PP, e do qual Cesar é cliente, e o experiente Edson Caporal, ex-secretário de Planejamento da administração de Angela Amin (PP), para quem o prefeito eleito é só elogios. Cesar afirma que se sente tranquilo em compor sua equipe, pois não tem compromisso com pessoas ou partidos, tampouco fez promessa de cargos. Sobre a reforma administrativa, sem querer adiantar detalhes, ele confirma que o número de secretarias será menor do que as atuais – hoje, 15 pastas e mais seis executivas. Deixa escapar uma certeza: haverá o fortalecimento das administrações regionais com a substituição do atual modelo de intendências, que considera ultrapassado.
“É inadmissível” alterar zoneamento agora
Cesar Souza Júnior soube da decisão dos vereadores aprovarem cinco pontos do zoneamento em seis bairros da Capital, na sessão da última terça-feira, pela imprensa. Durante a votação, os vereadores rejeitaram dois itens e retiraram outro da pauta. O prefeito eleito se disse surpreendido pela decisão dos vereadores.
Lembrou que, desde a votação em 18 de setembro, em plena campanha eleitoral, considera a atitude precipitada. “A minha posição continua a mesma. Não se pode alterar questões pontuais do zoneamento sem antes analisar o Plano Diretor. É inadmissível”, declarou Cesar, que promete se inteirar mais do que foi aprovado depois de chegar a Florianópolis.
(ND, 08/11/2012)