22 fev Gerar energia, manter a vida, por Décio Góes
Artigo de Décio Góes – Deputado estadual (PT/SC) – (DC, 22/02/08)
Santa Catarina é um Estado privilegiado. A abundância de recursos naturais, aliada ao processo de colonização e ocupação territorial, possibilitou um modelo de desenvolvimento econômico diferenciado e diversificado.
Na ânsia de encontrar soluções para os problemas ambientais ou apenas comprometidos com os interesses econômicos, o governo de SC e a Celesc vêm anunciando e comemorando a instalação de quatro usinas de 30 megawatts para gerar energia a partir de dejetos animais.
Mas sequer existe uma secretaria específica para responder pelas demandas ambientais. No Litoral, a ocupação desordenada e a falta de um Plano de Gerenciamento Costeiro comprometem o uso sustentável dos recursos naturais. Na Região Serrana e Planalto Norte, a expansão dos reflorestamentos com plantas exóticas compromete a biodiversidade. Nas regiões em direção ao Oeste, a poluição das águas preocupa.
No caso dos dejetos suínos e das camas de aviário, podemos ter soluções mais criativas. Queimar qualquer tipo de biomassa para transformá-la em energia elétrica não parece racional. Com isso, elimina-se a possibilidade de produzir gás natural e queimam-se substâncias imprescindíveis para a recuperação dos solos.
Sabe-se que os níveis de matéria orgânica dos solos nas propriedades rurais catarinenses foram rebaixados significativamente. Para viabilizar alternativas, poderia haver um programa com linhas de financiamento pelo Badesc e/ou BRDE para a produção de adubo orgânico, feito a partir dessa “matéria-prima” que hoje polui nossas águas. Assim, podemos recuperar nossos solos, incrementar a produção de alimentos e exportar adubo.