19 fev Diretor-presidente da CTS-Brasil diz que mudança na conscientização só será possível se formos na base do indíviduo
O transporte é responsável por 70% da poluição urbana e, pelo menos, 23% dos gases que formam o efeito estufa. A conclusão do painel “O Papel do Transporte Urbano na Promoção do Desenvolvimento Local e Global das Cidades”, durante a Conferência Mundial do Desenvolvimento das Cidades, que ocorre em Porto Alegre, deixou preocupada a platéia que lotou o auditório do prédio 9 da PUC, na tarde de sexta-feira (15/02).
“Esse tipo de transporte precisa ser repensado para que se possa assegurar a sustentabilidade do planeta e a qualidade de vida da população”, enfatizou o diretor-presidente do Centro de Transporte Sustentável (CTS-Brasil), Luis Antôniio Lindau. Engenheiro e professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, ele especificou as propostas para uma mudança radical nessa situação.
“Temos que ir lá para a base do indivíduo”, disse, “e reformular a forma como a pessoa pensa e interage em relação ao transporte. Temos que fazer uma campanha equivalente a que é feita contra o fumo. É necessário, em primeiro lugar, mudar na base para, depois, pensar em medidas para reestruturar a cidade”.
A situação do Brasil em relação ao transporte urbano é muito ruim, acrescenta ele. O diesel usado pelos veículos nacionais é muito poluente, pois possui enorme quantidade de enxofre. Temos um caminho grande pela frente para reduzir isso, mas com um potencial enorme em alguns biocombustíveis que são mais redutores desse material particulado, principalmente o etanol.
“Nosso grande desafio por parte do transporte coletivo”, acrescenta, “é transformar veículos pesados para que possam se mover a etanol. Temos que repensar a política de transporte urbano nas grandes cidades, sob o risco de enfrentarmos problemas seríssimos nos próximos anos”.
Bicicletas
A mesma preocupação serviu como base para a palestra da diretora do Centro do Transporte Sustentável do México. Paulista e radicada na capital mexicana há 14 anos, a engenheira civil Adriana Lobo, é uma grande defensora da utilização da bicicleta como alternativa ao uso de carros para curtas distâncias. Ela lembra que em Porto Alegre, apesar de apenas 25% das pessoas utilizarem carros particulares, esse meio de transporte ocupa 80% de rede viária.
Já para o diretor da Rede Embarq para a América Latina, Luiz Gutierrez, a quantidade de veículos tem crescido proporcionalmente mais do que a população. Essa falta de planejamento tem se refletido nos congestionamentos, o que diminui os espaços nas grandes cidades, enfatiza ele.
E cita como exemplo as soluções implantadas na cidade do México, com apoio do CTS e da Embarq. “Lá”, afirma, está em funcionamento o sistema Metrobus, com önibus de alta capacidade em corredores exclusivos. E já está previsto para os próximos anos a implantação de 200 quilômetros de corredores exclusivos de alto fluxo para ônibus”.
(Juarez Tosi, EcoAgência, 15/02/2008)