Órgãos públicos têm 60 dias para apresentar propostas de recuperação da Lagoa da Conceição

Órgãos públicos têm 60 dias para apresentar propostas de recuperação da Lagoa da Conceição

Na abertura dos trabalhos, o presidente da Comissão, deputado Neodi Saretta (PT), destacou a importância do local enquanto patrimônio ambiental, histórico e turístico de Florianópolis e a reconhecida necessidade de medidas urgentes para reverter o quadro de destruição. “Por meio desta Comissão já realizamos outras audiências debatendo o uso do entorno de lagos das hidrelétricas do Estado, a criação de parques estaduais e agora estamos promovendo este evento para buscar uma solução para o assoreamento e saneamento da Lagoa da Conceição”, disse.

Segundo o propositor da audiência, deputado Edison Andrino (PMDB), a rede de saneamento na região foi inaugurada em 1987 e desde então muito pouco foi feito. “A população triplicou, mas a coleta e tratamento de esgoto não acompanharam este crescimento. Em outros tempos, a Lagoa era onde os peixes se reproduziam, hoje está morta”, lamentou.

Aléssio dos Passos, presidente da Associação de Moradores da Lagoa, diz que tanto a população quanto o poder público são responsáveis pelos danos ambientais no local. Ele alertou que a poluição não decorre apenas por coliformes fecais procedentes das residências, mas também por desejos de animais e lixo das ruas que são levados para a Lagoa pela chuva, afetando a água e a areia. Denunciou ainda a contaminação por metais pesados e por óleo, devido ao uso sem controle de diferentes tipos de embarcações. Passos também defendeu que sejam estabelecidas restrições para novas construções na região, para evitar que a situação fique ainda pior.

Para o presidente do Santur (Santa Catarina Turismo), Valdir Walendowsky, um caminho eficiente seria a implantação do plano diretor do Município. “Se for bem feito e bem executado. É fundamental para preservar a beleza natural e tradições deste lugar”, enfatizou.

O diretor de Meio Ambiente da Casan, Valter Gallina, reconheceu a existência de problemas, mas divergiu da informação de que não há investimento público em saneamento. Segundo ele, nos últimos nove anos foram investidos R$ 20,4 milhões em várias obras e está em andamento os trâmites necessários para contratação de serviços, no valor de R$ 22,1 milhões, que devem elevar a 100% o tratamento de esgoto no bairro. De acordo com Gallina, o início das obras está previsto para o primeiro trimestre de 2013. Hoje, cerca de 40% do esgoto produzido pela população do entorno é despejado na Lagoa sem tratamento.

Também participaram da audiência a procuradora do Ministério Público Federal em Santa Catarina, Analucia Hartmann, a gerente de Saúde Ambiental da Vigilância Sanitária Estadual, Margaret Grando, o deputado Gilmar Knaesel (PSDB), vereadores de Florianópolis, representantes da Fatma, da secretaria Municipal de Habitação e Saneamento, da Cooperativa de Barqueiros da Costa da Lagoa (Cooperbarco), além de moradores, pescadores e comerciantes do bairro. A Floran (Fundação Municipal do Meio Ambiente) foi convidada, mas não enviou representante.

Encaminhamentos – A partir das manifestações e problemas levantados durante a audiência, a Comissão de Turismo e Meio Ambiente vai organizar um documento e o encaminhará aos órgãos envolvidos – Casan, Floran, Prefeitura de Florianópolis, Governo do Estado, entre outros. Uma nova reunião será agendada no prazo de 60 dias para que estes órgãos apresentem um posicionamento em relação à recuperação da Lagoa da Conceição e definição de metas.

O presidente da Comissão, deputado Neodi Saretta, também vai enviar à Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) um pedido para que a instituição realize um estudo sobre a estação de tratamento de esgoto da Casan instalada na Lagoa da Conceição. Outro encaminhamento foi a criação de um grupo permanente para cuidar deste assunto, no âmbito da Assembleia Legislativa, que poderá ser sob a forma de uma subcomissão, conforme sugeriu Saretta.

(Portal da Ilha, 20/03/2012)