08 fev Produção de vieiras é afetada pelas chuvas em SC
A chuva que castigou Santa Catarina na última semana, destruindo estradas e alagando casas, prejudicou também os maricultores de Florianópolis. Entre cabos, produção de vieiras perdida e lanternas (onde ficam as ostras) estragadas, a presidente da Associação dos Maricultores Profissionais do Sul da Ilha (Amprosul), Eva Maciel Mendes, contabiliza mais de R$ 10 mil em perdas. O maior problema foi com as vieiras que, ao entrar em contato com a água doce, morreram.
Isso ocorre porque a vieira é pouco resistente à baixa salinidade, explica o biólogo do Centro de Desenvolvimento de Aqüicultura e Pesca da Epagri, Guilherme Rupp. Por causa da grande quantidade de água doce que desabou nos mares na semana passada em função da chuva, a maricultura perdeu quase totalmente a sua produção. Foram cerca de R$ 3 mil em prejuízos somente com essa produção.
“Moro aqui há 35 anos e nunca tinha visto isso. Agora, precisamos trabalhar dia e noite para reverter essa situação”, conta Eva, com o cuidado de salientar que o problema não deve-se à contaminação do molusco e sim em virtude única e exclusivamente do contato com a água doce.
Metade das vieiras cultivadas por Eva vai para São Paulo, e uma dúzia não sai por menos de R$ 40. Ela não sabe ao certo o volume dos moluscos que perdeu, mas estima que sejam mais que 200 mil.
Na sexta-feira, ela e os 26 maricultores da Amprosul vão se reunir para calcular os estragos e tentar uma solução para o problema junto ao governo.
Há três anos os maricultores vem registrando perdas na produção na região da Grande Florianópolis, que representa cerca de 90% do mercado brasileiro. Primeiro, em 2005, foi um ciclone que passou pelo mar e destruiu produção, barcos e balsas.
Eva diz que somente nesta ocasião foram mais de R$ 195 mil em prejuízos. Ano passado, a polêmica sobre a maré vermelha também prejudicou os trabalhos. Por causa de informações equivocadas, que davam conta de uma contaminação dos moluscos, os maricultores perderam os clientes. Foram seis meses sem vender.
(DC, 07/02/08)