27 fev Trabalhadores cruzam cidades da Grande Florianópolis para chegar ao trabalho
Alguns ficam até 3h30 dentro do ônibus para ir e voltar ao serviço. A principal reclamação é o congestionamento
A facilidade de morar próximo ao local de trabalho e pegar somente uma condução para chegar ao destino são para poucos. Todos os dias, milhares de pessoas da Grande Florianópolis cruzam duas ou três cidades, percorrem quilômetros o mais rápido possível, para não se atrasar, em uma região de cerca de um milhão de habitantes. Muitas demoram mais de duas horas para concluir o trajeto e tem o trânsito congestionado como principal inimigo.
Morar em Biguaçu e trabalhar em São José. Residir na Praia de Fora, em Palhoça, e trabalhar na Capital. Estar empregado em Antônio Carlos e residir no Sul da Ilha. O último caso faz parte da cansativa rotina, mas considerada gratificante pela enfermeira Cláudia Pacheco, 40. Ela percorre diariamente 110 quilômetros para ir e voltar, o que totaliza aproximadamente duas horas.
O longo trajeto é feito de carro e ela gasta cerca de R$ 600 por mês com combustível. Para dividir o custo, ela oferece carona para um colega de trabalho, que mora no bairro Pantanal. “Para trabalhar, não considero a distância um problema”, comenta.
A engenheira civil da Prefeitura de Antônio Carlos, Silvia Tessari, 31, reside no bairro Campinas, em São José. Os 30 quilômetros que separam a casa e o trabalho são poucos se comparados com a distância da antiga moradia, nos Ingleses, no Norte da Capital. “Durante 11 meses, eu percorri o trajeto. Depois, resolvi me mudar. Apesar de ainda distante, vale a pena”, conta.
Silvia ressalta que se ela dependesse de ônibus seria inviável trabalhar em Antônio Carlos. “Além de sair mais caro, eu demoraria ainda mais para chegar”, afirma. O mais desconfortável, segundo a engenheira, é ter que almoçar todos os dias fora de casa e preencher o tempo vago do intervalo das 11h30 às 13h.
De Tijuquinhas ao Kobrasol
Há algumas semanas, a auxiliar de serviços gerais Josiane Rodrigues da Silva, 22, se mudou para Tijuquinhas, em Biguaçu. O bairro é o último da cidade e faz limite com o município de Governador Celso Ramos. O resultado da distância até o Kobrasol, em São José, onde trabalha, e o caminho contrário são quatro ônibus e 3h30 de viagem. “O único problema é que passo o dia inteiro fora de casa. Saio às 6h para chegar às 20h”, observa.
O trânsito sempre congestionado faz a projetista Grasieli Nau Kuhn, 28, ficar cerca de 3h30 do seu dia dentro de um ônibus. Ela mora no bairro Jardim Janaína, em Biguaçu, e trabalha no Itacorubi, em Florianópolis. “A distância não é tão grande, mas as filas são horríveis”, acrescenta. Grasieli relata que já se acostumou com a distância e a demora a percorrer o trajeto. “Deixei até de fazer academia, não dá mais tempo”, finaliza.
Muitas conduções em um só dia
A rotina do vendedor Thiago Correia Bento, 22, é cheia de atividades, horários, vários ônibus e pouco descanso. Ele mora na Praia de Fora, trabalha no Centro de Florianópolis e estuda no bairro Barreiros, em São José. Ele percorre, em média, 100 quilômetros todos os dias.
“Saio de casa às 5h45 para estar ao Centro às 7h30. Trabalho até às 19h e pego o ônibus para ir à faculdade. Saio às 22h, uso novamente o transporte coletivo para voltar ao Centro e pegar outra condução para volta à Praia de Fora. Chego em casa por volta da meia-noite”, relata.
Apesar de ter uma rotina exaustiva, o jovem não reclama. Thiago destaca que a beleza do lugar e o fato de morar perto da praia são compensatórios. “É ruim apenas ter que acordar muito cedo e voltar para casa muito tarde”, finaliza.
Região de um milhão de pessoas
A Grande Florianópolis é formada por 22 municípios. Em população, a Capital é a que mais se destaca com aproximadamente 428 mil habitantes, praticamente uma pessoa por quilometro quadrado. A pacata cidade de Alfredo Wagner é a maior da região em termos de extensão, somando 732,2 quilômetros quadrados, mas apenas 9.450 moradores.
A má distribuição da população pode ser exemplificada com os dados d município de Águas Mornas, o menor em relação ao número de habitantes, são somente 5.617 residentes em uma área de 360,7 quilômetros quadrados. Em compensação, a menor cidade em extensão é Governador Celso Ramos, com 93 quilômetros quadrados e 13.100 moradores. Os dados foram obtidos no site da Associação dos Municípios da Grande Florianópolis (www.granfpolis.org.br).
Conheça mais
-Florianópolis: 430 mil habitantes, praticamente um por quilômetro quadrado. Cidade muito procurada pelos turistas devido as belezas naturais e mais de 40 praias – site http://www.pmf.sc.gov.br
-Antônio Carlos: tem 7.540 habitantes. Cidade agrícola conhecida como cinturão verde do Estado pela produção de 50 toneladas diárias de hortaliças – site www.antoniocarlos.sc.gov.br
-Biguaçu: com 59 mil habitantes, município dependia principalmente da agricultura, pecuária e pesca, atualmente, a indústria responde pela maior parte dos empregos – site www.bigua.sc.gov.br
-Palhoça: tem 140 mil habitantes e é conhecido pelo crescimento industrial, além de belas praias reconhecida no exterior, como Guarda do Embaú – site www.palhoca.sc.gov.br
São José: com apenas 113 quilômetros quadrados soma 212.586 moradores. É a quarta economia de Santa Catarina – site www.pmsj.sc.gov.br