Pedestres e ciclistas

Pedestres e ciclistas

Artigo escrito por Valter Frigieri – Engenheiro (DC, 23/01/2012)
Um levantamento recente da Associação Nacional de Transportes Públicos (ANTP) e BNDES mostrou que 41% dos brasileiros não usam veículos motorizados para locomoção. Nas metrópoles brasileiras, 38% das pessoas fazem seus percursos a pé, enquanto 3% optam pela bicicleta. Nossas cidades, se não oferecem transporte público de qualidade, tampouco estão devidamente equipadas para atender às necessidades do enorme contingente de cidadãos que circulam de bicicleta ou a pé. Só muito recentemente, os administradores públicos começaram a incluir as ciclovias em suas plataformas políticas e planos administrativos.
De fato, é um grande avanço a criação das ciclovias e das chamadas rotas de bicicletas, com sinalização adequada, que permitem aos ciclistas compartilhar o espaço urbano com os veículos automotores. Nos grandes centros, no entanto, para a segurança do ciclista é indispensável criar uma infraestrutura integrada, que permita ao usuário da bicicleta percorrer distâncias longe de vias saturadas ou de alta velocidade.
Nas ciclovias, recomenda-se o uso de peças de concreto, pois sua coloração clara reduz a absorção de calor na superfície, melhorando o conforto térmico e diminuindo a formação de ilhas de calor, causadas pela impermeabilização do solo. A redução pode chegar a 20ºC. Ademais, o concreto desempenado moldado in loco proporciona conforto de rolamento, sem deixar a superfície escorregadia. No caso de vias compartilhadas, o uso do pavimento de concreto também gera ganhos por não sofrer deformação e ter boa interface com outros tipos de pavimento.
No que toca às pessoas que fazem seus trajetos a pé, a falta de padronização e a falta de qualidade da pavimentação ainda constituem obstáculos para um caminhar seguro. A uniformização do passeio demanda a mobilização dos donos de imóveis num esforço conjunto de prefeituras e órgãos técnicos. Hoje, existem vários materiais que garantem a qualidade do piso e atendem às normas.
O desafio das administrações públicas é implementar políticas que conciliem a convivência entre motoristas, pedestres e ciclistas e, ao mesmo tempo, melhorem a qualidade de vida das pessoas.
*Engenheiro