Uma ilha de muitos jacarés

Uma ilha de muitos jacarés

Espécies são encontradas em vários balneários e rios de Florianópolis, e até na Lagoa do Peri

Se você estiver mergulhando na Lagoa do Peri, Sul da Ilha de SC, e de repente encontrar dois olhos arregalados num corpo cinza escuro e queixo amarelo, não se aproxime ou saia correndo.

Se afaste com calma e prepare a câmera para registrar um verdadeiro Caiman latirostris. Mais conhecido como jacaré-de-papo-amarelo, este animal silvestre é comum em rios, manguezais, banhados, lagoas e restingas de Florianópolis.

Na Lagoa do Peri, ao Sul da cidade, esta espécie não é só lenda para evitar a presença de visitantes, como dizem moradores.

O carpinteiro Paulo Roldão, 52 anos, garante que viu um jacaré no canto esquerdo da lagoa, onde o movimento é menor do que na entrada principal, pela rodovia SC-405. Foi em fevereiro do ano passado.

Paulo estava pescando tilápia e carazinho na beira da água quando enxergou um exemplar de um metro e vinte centímetros.

– Entramos na boquinha da tarde para dar um pescadinha e ele estava lá, descansando no ninho embaixo do maricá (árvore) – contou Paulo.

O carpinteiro disse que o jacaré amontoa arbustos secos e coloca os ovos no meio.

– Dá medo no verão, época de acasalamento. Eles só atacam quando estão chocando. Fora disso, eles correm, têm medo – disse o carpinteiro.

Paulo conta que semana passada viu um jacaré na praia do Pântano do Sul, perto de uma vala. Mas disse que é difícil encontrar o animal na Lagoa do Peri por causa do grande movimento de carros.

A Polícia Ambiental tem conhecimento de jacarés na região, mas não tem registros de captura no local. Quando há capturas, o animal é encaminhado para a Estação Ecológica de Carijós, em Jurerê, Norte da Ilha.

– Lá é o hábitat natural deles, tem água e peixe para se alimentarem – observou o policial ambiental da base do Rio Vermelho, cabo Pinheiro.

– É possível encontrá-los ainda no Rio Tavares, Daniela e Ponta das Canas.

O policial diz que os banhistas não devem se aproximar do animal, especialmente no verão, época em que se reproduz. O jacaré pode se sentir acuado e, por instinto, atacar. Ele recomenda que a pessoa se afaste devagar e não corra, pois o jacaré pode encarar o movimento brusco como ameaça. Bem diferente do que fez a recepcionista Márcia Brum, 28 anos, que frequenta o local:

– Toda vez que vou mergulhar e sinto um galhinho encostando na perna, saio correndo.

O que fazer

– Não mexer
– Não se aproximar
– Não correr
– Se afastar com calma
– Caso o jacaré esteja em situação de perigo ou machucado, ligar para a Polícia Ambiental: (48) 3269-7111

(Por Gabriela Rovai, DC, 23/01/2012)