12 jan O grito da estação
Artigo escrito por Laudelino José Sardá – Jornalista e professor (DC, 12/01/2012)
A Ilha enrubesceu na virada de ano sob os confetes da mídia nacional. Famosos do esporte e da tevê alojaram-se facilmente em hotéis ou casas de luxo, imunes aos problemas comuns aos moradores e à pluralidade de turistas. A fama entorpece a Ilha, quando deveria estimulá-la ao crescimento com qualidade. É preciso dar um basta à ilusão, a vaidades de políticos que se valem da fama de Floripa para desfilar na passarela da hipocrisia, como se fosse possível ocultar o sofrimento dos moradores e a frustração de turistas.
Enquanto ficar à mercê dos interesses escusos de uma Câmara de vereadores alienados, incapazes de aprovar um plano diretor, Floripa se limitará ao gozo da fama, que só traz problemas, ao invés de investimentos em lazer e no desenvolvimento sustentável. A Ilha não tem identidade; é um produto com validade só para o verão, período em que as autoridades políticas e empresariais vivem extasiadas pelo brilho da imagem nacional da cidade.
O grito desta estação é para alertar que a Ilha está em decadência. Ao ouvir, na rádio CBN Diário, o presidente do Sindicato de Hotéis, Bares e Restaurantes, Tarcísio Schmidt, atribuindo às chuvas e ao curto feriado de fim de ano as causas do baixo fluxo de turistas na Ilha, me convenci de que São Pedro deveria ser o padroeiro da cidade. E revigoradas as mandingas de Cascaes como energia contra o caiporismo, já que planejamento inexiste.
Esqueçam-se das praias como salvação do turismo! A Ilha precisa valer-se da sua magia nas quatro estações, organizando as suas estruturas urbanas e as dos balneários, valorizando sua história e cultura espalhadas em museus, na música, poesia, teatro, literatura, etc. Poucos, por exemplo, conhecem as obras de Franklin Cascaes, Rodrigo de Haro e de tantos outros. Afinal, por que Ilha da Magia?
A nulidade parece ser um sinônimo de fama.