Papo Cabeça com João Eduardo Amaral Moritz (presidente da ABIH-SC)

Papo Cabeça com João Eduardo Amaral Moritz (presidente da ABIH-SC)

Por Carlos Damião (ND, 03/12/2011)

Conhecido como Janja, João Eduardo Amaral Moritz é duas vezes engenheiro – mecânico e de segurança do trabalho. Mas renunciou à carreira técnica para dedicar-se à atividade turística. Descendente da tradicional família manezinha que fabricava a bala Rococo e administrava o lendário supermercado A Soberana, Janja é hoteleiro e presidente da ABIH-SC (Associação Brasileira da Indústria de Hotéis), presidente da Câmara de Turismo da Fecomércio e integrante do Conselho Estadual de Turismo.

Qual a expectativa da ABIH-SC para a temporada?

Janja – Apostamos no sucesso da temporada 2011/2012, prevendo um crescimento em torno de 10% no movimento de turistas, graças ao aumento do dólar e ao paulatino retorno dos turistas argentinos. Outro fator é o fortalecimento da economia catarinense que permite um crescimento do turismo interno. Temos conseguido uma estabilidade no setor turístico com a oferta de crédito, os pacotes turísticos e a entrada no mercado as classes C e D.

Já podemos dizer que alcançamos um nível de profissionalização no setor turístico em Santa Catarina?

Janja – Hoje Santa Catarina está preparada para atender ao turista, com pessoas que têm prazer em servir e equipamentos adequados a todo tipo de consumidor. E, não por acaso o Estado foi eleito, por quatro anos consecutivos, como o “Melhor Estado” para se fazer turismo, pelos leitores da revista “Viagem e Turismo”, tendo a Capital como portão de entrada para os visitantes. Sem dúvida, esse resultado se deve em parte à atuação conjunta do governo com a iniciativa privada.

Como está Florianópolis no contexto turístico estadual?

Janja – Sofremos com a falta de marinas e portos para a recepção de navios de passageiros, além da falta de saneamento básico. Já nosso aeroporto deixa muito a desejar, sem condições de receber o volume de turistas que recebemos. Outros problemas que prejudicam o setor são a elevada carga tributária e a insegurança jurídica somada à legislação trabalhista rígida.

Algumas boas lembranças de Florianópolis?

Janja – As balas Rococo da padaria Moritz, Sessão das Moças, Cine Ritz, Cocota, Beijo-frio, Coqueiros Praia Clube na praia da Saudade, Carnaval no Doze e no Lira e o encontro dos foliões debaixo da figueira na praça 15, na Quarta-feira de Cinzas. O desfile dos carros alegóricos durante o Carnaval, o Chiquinho, o Katcipis. A saída das meninas do Colégio Coração de Jesus, as excursões a pé à Lagoa da Conceição. A Capelinha, em Itaguaçu, a Boate do Plaza, Santa Catarina Country Clube, os bares dos hotéis Querência e Lux. O piano do Luiz Fernando Sabino, Zury Machado, Bar Pérola, Quidoca, Lira – o motorista do Circular que conhecia a todos nós pelo nome. Ver o Figueira ganhar no Campo da Liga.

Como superaremos os maiores problemas de Florianópolis, como mobilidade e segurança?

Janja – Primeiro, cobrar entrada de todo e qualquer ônibus de turismo na Ilha. Já os ônibus interestaduais seriam desviados para o Continente. Implantaria um sistema de pista única para os ônibus e um sistema de ciclovias racional e funcional. Na área da segurança implantaria um sistema de policiamento ostensivo, com tolerância zero.