As duas pontes

As duas pontes

Da coluna de Moacir Pereira (DC, 08/11/2011)

O ato oficial aconteceu no palco do Teatro Pedro Ivo Campos. Sob a presidência do governador Raimundo Colombo, presentes o vice Eduardo Moreira, as autoridades do setor rodoviário, os prefeitos Dário e Djalma Berger, secretários e parlamentares. Não foi o edital de licitação, como chegou a ser divulgado pelo governo. Foi a assinatura de ato autorizando a Secretaria de Infraestrutura a publicar o edital de concorrência pública. Isto deve acontecer só na próxima semana. O edital não está pronto. As empresas terão 45 dias para a apresentação do projeto de engenharia da obra, EIA/Rima e plano de negócios.

Houve uma unanimidade política das forças interessadas na nova ligação. Entre as manifestações, destaque para dois fatos: será toda financiada pela iniciativa privada; e criará um novo corredor de entrada e saída da Capital.

Considerado a solução dos problemas de mobilidade urbana de Florianópolis para os próximos 20 anos, o ambicioso projeto ganhou gás nos empolgados discursos de todos os oradores. Não faltou quem identificasse no palco cenas políticas de uma prévia da campanha municipal de 2012. Lá estavam pelo menos três candidatos: Djalma Berger, em São José; Cesar Souza e Gean Loureiro, em Florianópolis.

Questionado, durante a entrevista que concedeu após a cerimônia, Colombo não assumiu a transferência do Centro Administrativo para a nova área a ser aterrada. Mas enfatizou que já está proibindo a construção de obras públicas na Ilha. Vetou a nova sede da Secretaria de Segurança e o Hospital Regional, previstos para a parte insular. Vão para o Continente.

Guga Kuerten, maior ídolo esportivo catarinense, compareceu à apresentação da maquete eletrônica, elogiou a obra, mas roubou a cena. Disse que Florianópolis precisa primeiro aprovar o novo Plano Diretor para depois definir obras de grande porte e impacto na mobilidade.

IMPROVISO

Na Assembleia Legislativa, a audiência para tratar das obras de recuperação da Ponte Hercílio Luz trouxe fatos relevantes. As obras são executadas pelo Consórcio Florianópolis Monumento, integrado pelas empresas Espaço Aberto, RMG, Proentec, Bridge Tecnologie e CSA. Deputados lembraram que a Espaço Aberto não possui know-how na manutenção de ponte pênsil. Revelação: o contrato original foi elaborado pelo Dnit e não previa a construção de plataforma para macaqueamento do vão central da Ponte Hercílio Luz e troca de 360 barras de olhais. O consórcio aceitou, assim mesmo, executar o projeto modificado com esta inovação tecnológica.

Segunda revelação: o Consórcio previa colocação de 16 estacas com profundidade de 30 metros. Só colocou quatro. Chegou a 60 metros e não encontrou rocha sã. Problemas de sondagens, a alegação. O consórcio exige aditivo contratual, alegando acréscimo de serviço e mudança do projeto. O secretário Valdir Cobalchini diz que só reajusta o contrato com aprovação da Assembleia e da comissão especial que acompanha as obras. Diz que quer transparência total.

A Ponte Hercílio Luz levou três anos e seis meses para ser construída. Está desde 1982 para ser recuperada. Em compensação, elegeu muita gente e financiou vários partidos.

– Infraero marcou para o dia 23 de novembro a abertura das propostas da concorrência pública para a construção da nova pista e acessos do Aeroporto Hercílio Luz. Novidade: o preço inicial, que era de R$ 210 milhões, caiu para R$ 200 milhões, depois para R$ 180 milhões e agora está em R$ 160 milhões. Ou iriam roubar muito ou agora querem inviabilizar a obra.