A Ilha de Guga

A Ilha de Guga

Artigo escrito por Laudelino José Sardá – Jornalista e Professor (DC, 06/10/2011)

Guga Kuerten desoprimiu-se, na entrevista ao DC, da aflição de amar e morar na Ilha que adoeceu rapidamente por culpa da negligência e omissão do poder público. A violência já contaminou cantos e recantos, e contra a epidemia da corrupção não há sinal de que a polícia e a Justiça sejam capazes de recuperar a credibilidade e a dignidade do poder público perante a sociedade.

Agora, Guga já admite abandonar a Ilha em busca de um lugar seguro. Quem sabe o tenista lidere um movimento popular para exigir um serviço público ético e eficiente, competente suficiente para implantar um plano diretor que desafie os “morcegos” da construção civil e consiga redirecionar e humanizar o crescimento da cidade?

Os cidadãos que ovacionaram monsieur Kuerten em suas conquistas não são culpados pela deterioração do tecido social e político da velha e enferma Nossa Senhora do Desterro. E, com certeza, vão continuar a aplaudi-lo no comando de uma reação contra a virulência que se perpetua na cidade.

Guga não pode estimular o êxodo como solução e nem se transformar em um mártir. Mas, quem sabe, ele se torne em um notável alcaide capaz de liderar a ressurreição da cidade, “raqueteando” os “morcegos” dos espigões, restaurando e protegendo a riqueza natural, investindo na mobilidade urbana e, sobretudo, acreditando que a cidade possa recuperar a qualidade de vida. A menos, é claro, que o campeão abonado opte pelos aplausos dos franceses.