Retomado resgate de jovem baleia-franca encalhada na praia do Pântano do Sul

Retomado resgate de jovem baleia-franca encalhada na praia do Pântano do Sul

Outras quatro francas estão no mar. Projeto Baleia Franca tenta resgatar o animal na tarde desta quarta-feira (7)

Uma jovem baleia-franca encalhou em um banco de areia na praia do Pântano do Sul, em Florianópolis, na manhã desta quarta-feira (7). Outras quatro francas estão no mar, próximas ao animal. Segundo equipe do Projeto Baleia Franca que está no local, a jovem franca encalhada tem 8 metros e pesa de dez a 15 toneladas, está bem ativa e mexe bastante as nadadeiras. O resgate não foi possível pela manhã, mas a equipe se prepara para tentar retirar a baleia-franca do banco de areia na tarde desta quarta-feira.

Inicialmente, a avaliação da equipe era de que se tratava de um filhote, no entanto, posteriormente, constatou-se que é um jovem animal. A praia do Pântano do Sul, localizada no limite norte da APA (Área de Proteção Ambiental) da Baleia Franca/ICMBio em Florianópolis (SC). A equipe do Projeto Baleia Franca foi contatada por volta das 8h30min. “Assim que fomos informados sobre o encalhe acionamos o Protocolo de Encalhes da Área de Proteção Ambiental (APA) da Baleia Franca/ICMBio. Esse protocolo estabelece regras e procedimentos a serem seguidos para o atendimento tanto a animais encalhados mortos como vivos”, disse a Diretora de Pesquisa do Projeto Baleia Franca, Karina Groch.

Essa é a terceira franca que encalha desde o início da temporada, porém, o primeiro que encalhou vivo. “Este é o primeiro encalhe de uma baleia-franca viva nesta temporada. Já ocorreram dois encalhes de filhotes mortos, um na Praia do Gi (Laguna) e outro no Balneário do Rincão (Içara). Este número está dentro da média de encalhes de filhotes registrado nos últimos anos”, revelou Karina.

Baleia tem boa saúde e, por isso, haverá resgate, segundo biólogos

De acordo com informações da veterinária Cristiane Koslenikovas, da Associação R3 Animal, o filhote está com água acima da metade do corpo, e aparentemente em bom estado de saúde. Em função destas condições, será feita a tentativa de resgate, coordenada pela Médica Veterinária com apoio do Corpo de Bombeiros, Policia Ambiental e pescadores locais. A Capitania dos Portos de Florianópolis foi acionada para auxiliar no apoio com embarcações para o resgate.

Segundo a diretora de Pesquisa, encalhes de filhotes vivos não são comuns, mas podem ocorrer por desorientação e perda do contato com a mãe. “Os filhotes de baleia-franca nascem com cerca de 5-6 metros de comprimento, pesando de 4-5 toneladas, e permanecem junto com a mãe durante todo seu primeiro ano de vida, dependendo do seu leite rico em gordura para sobrevivência nos primeiros meses de vida” disse Karina.

Além da Médica Veterinária Cristiane Koslenikovas, que coordena os trabalhos de resgate, o Biólogo e Analista Ambiental do Centro Mamíferos Aquáticos/ICMBio, Paulo Flores, a chefe Maria Elizabeth Carvalho da Rocha e a analista ambiental Luciana Moreira da APA da Baleia Franca/ICMBio, e a Diretora de Pesquisa do PBF estão no apoio das operações.

Corpo de Bombeiros e Polícia Ambiental estão no apoio da operação de desencalhe

Protocolo de Encalhes da APA da Baleia Franca

A coordenação do Protocolo de Encalhes é formada pela APA da Baleia Franca e Centro Mamíferos Aquáticos (ICMBio), Projeto Baleia Franca, Associação R3 Animal, Unesc, Delegacia da Capitania dos Portos de Laguna e Policia Ambiental que trabalham em parceria para o atendimento de encalhes na região da APA

Procedimentos em caso de encalhes:

Como ajudar?
– Entre em contato com as instituições responsáveis
– Não tente devolver o animal para a água
– Ajude a isolar a área mantendo pessoas e animais domésticos afastados
– Coloque panos molhados sobre o corpo do animal e providencie sombra para evitar queimaduras solares.
– Mantenha o animal molhado, sem jogar água no orifício respiratório
– Obtenha fotografias do animal, possibilitando a identificação da espécie e documentação do caso.
– Colabore com a sensibilização e a conscientização da comunidade

Proteja a sua saúde

– Os animais encalhados podem transmitir doenças aos seres humanos.
– Evite respirar o ar expirado pelos animais.
– Não se aproxime da cauda. São animais grandes em situação de debilidade física, que podem se tornar ariscos com a aproximação de outros indivíduos e causar ferimentos.

(*) com informações do Projeto Baleia Franca

(ND, 07/09/2011)

Filhote de baleia-franca luta pela vida

Mamífero encalhou em um banco de areia na Praia do Pântano do Sul, na Capital. Hoje, os trabalhos de resgate recomeçam

A agonia de uma baleia-franca juvenil tirou moradores da Praia do Pântano do Sul, em Florianópolis, cedo da cama no feriado chuvoso. O mamífero de cerca de seis metros foi avistado por um pescador às 6h encalhado em um banco de areia a 50 metros da costa.

Antes mesmo que a população se aglomerasse na praia, biólogos e a veterinária Cristiane Koslenikovas, da Associação R3 Animal, estavam a caminho do local já pensando em uma maneira de salvar o animal. No fim da manhã, o plano de reboque da baleia com o uso de um barco e cordas terminou frustrado.

A operação era para que o mamífero não voltasse para mais perto da praia. Mas com o fim do combustível, a operação foi abortada. No início da tarde, o procedimento foi retomado com o uso de três barcos de pesca. Com cordas amarradas ao mamífero, as embarcações tentaram puxá-lo para mar aberto.

Quem presenciou a ação não conteve a tristeza. O som da respiração profunda e o esguicho de água ao ser liberado pelo orifício de respiração do animal comoveu quem assistia, ansioso, à tentativa de resgate.

O animal é considerado juvenil por já estar desmamado, o que ocorre quando a baleia tem cerca de um ano. Acredita-se que o mamífero tenha entre 15 e 20 toneladas, mas não foi possível identificar o sexo.

Conforme a diretora de pesquisa do Projeto Baleia Franca, Karina Groch, encalhes de filhotes vivos não são comuns. Esse, por exemplo, é o primeiro da temporada, mas podem ocorrer por desorientação e perda do contato com a mãe.

Até as 17h de ontem o procedimento de desencalhe ainda não havia terminado. Caso não seja possível, o trabalho será retomado hoje ao meio-dia. Devido às boas condições de saúde do animal e do local onde se encontra, com bastante água, é possível que ele consiga sair com vida.

Em 2003, houve o encalhe de uma baleia-franca em Laguna. O animal acabou entrando no canal do Rio Tubarão e foi parar na Lagoa Santa Marta. Depois de 28 horas, ele foi removido. Em 2010, a agonia de outra baleia, desta vez na Praia de Itapirubá, também em Laguna, durou três dias. Para amenizar o sofrimento do mamífero, biólogos resolveram sacrificar o animal, injetando um coquetel de medicamentos.

Neste ano, outras duas baleias- francas encalharam no litoral catarinense já mortas. Um dos encalhes foi na Praia do Gi, em Laguna, e outro no Balneário Rincão, em Içara. De acordo com Karina, a mortalidade de até 10% do número de nascimentos é considerada normal.

Desde 2002, a média de nascimentos é de 38 baleias por temporada no litoral catarinense.

(Por Marjorie Basso, DC, 08/09/2011)