31 ago A pré-história ao alcance de todos
Coleção em exposição no Colégio Catarinense, em Florianópolis, leva os visitantes a uma viagem de 200 milhões de anos
Você conhece o padre João Alfredo Hohr? Considerado um dos maiores escavadores do Brasil e referência na área da arqueologia, o pesquisador gaúcho radicado em Santa Catarina encontrou artefatos arqueológicos em Florianópolis e no interior do Estado. Tesouros que podem ser apreciados no Museu do Homem do Sambaqui, localizado no Colégio Catarinense.
Dizem que quando chove não se tem o que fazer em Florianópolis. Pois a reportagem do Diário Catarinense passou uma tarde chuvosa conhecendo a pré-história do Estado.
– As visitas são monitoradas e têm caráter pedagógico – explica o professor de geografia Sidney Linhares.
O museu só fica aberto à tarde e nos dias de semana. Talvez por isso, aproximadamente 90% dos visitantes por mês sejam estudantes do ensino fundamental. Sorte deles. O local abriga coleção de zootecnia (animais empalhados), de numismática (coleção de moedas), de malacologia (moluscos), de geologia (rochas) e de vestes litúrgicas. Conta até com um fóssil de um rincossáurio, que viveu no Rio Grande do Sul entre 245 milhões e 208 milhões de anos atrás.
– Era da época em que o Rio Grande do Sul, a Argentina e o Uruguai ficavam na linha do Equador – contextualiza Sidney.
Pesquisador mostrou a importância dos sambaquis
Mas o grande diferencial do museu é mesmo o acervo arqueológico. Muito antes dos europeus chegarem ao Estado, o território catarinense foi habitado por pelo menos cinco povos (veja detalhes nesta página). Um deles são os Homens dos Sambaquis – pescadores, caçadores e coletores de peças. Em vez de sol e de praia, habitavam a costa por causa da imensa quantidade de peixes e moluscos.
Estes homens faziam os sambaquis, ou os “montes de conchas”. O padre Hohr escavou e encontrou dentro deles sepultamentos e artefatos como os zoólitos – animais feitos de pedra e com uma concavidade no ventre. E ajudou a afastar o estigma de que seriam lixões pré-históricos. E você nem precisa escavar para conhecer esta cultura. Basta visitar o museu.
(Por Mauricio Frighetto, DC, 31/08/2011)