11 jul Em jogo, o fim do descarte de resíduos
Conceito de lixo zero, que prevê o reaproveitamento de todos os materiais, ganha espaço no país
Sabe quando a sua avó começa a relembrar os tempos em que era jovem, contando que, naquela época, nada era jogado fora e quase tudo era reaproveitado – desde restos de alimentos, usados como adubo, até garrafas que o leiteiro entregava todos os dias pela manhã? Pois esses princípios de antigamente são a inspiração de um conceito que começa a ganhar espaço em meio ao debate sobre sustentabilidade no Brasil: o lixo zero.
A concepção envolve a definição de metas para a eliminação completa do envio de lixo para aterros sanitários ou incineradores e o reaproveitamento de resíduos que são descartados no lixo comum ou encaminhados sujos e misturados para a reciclagem.
A ideia é pensar em produtos residuais, em um recurso em potencial. A principal inspiração é a natureza, que é 100% eficiente ao reutilizar tudo que produz sem gerar lixo.
Florianópolis é apontada como uma cidade com ações importantes nesse sentido. A Capital recebeu, no ano passado, a 7ª Convenção Internacional Lixo Zero, uma parceria da ONG Instituto Lixo Zero Brasil (ILZB) com a Zero Waste International Alliance (ZWIA) e a empresa Novociclo Ambiental, de Florianópolis.
Conforme Rodrigo Sabatini, conselheiro do ILZB e presidente da Novociclo, que oferece produtos e serviços com o conceito, diferentes comunidades, empresas e condomínios da cidade já aderiram às iniciativas.
Uma aldeia de 2 mil habitantes na ilha japonesa de Shikoku também está em busca da taxa zero de resíduos. Com um projeto iniciado no início dos anos 2000, a população passou a separar o lixo em 34 categorias diferentes – garrafas PET são divididas por cor e tipo de líquido que continham, e os pauzinhos de madeira (hashis) são descascados e transformados em papel. Em quase uma década, a taxa de reciclagem da comunidade subiu de 55% para 80%.
(DC, 11/07/2011)
Entrevista
Rodrigo Sabatini, 49 anos, conselheiro da ONG Instituto Lixo Zero Brasil (ILZB)
DC – Que exemplos temos de projetos em direção ao lixo zero?
Rodrigo Sabatini – A Nova Zelândia, por exemplo, estabeleceu meta para 2025 para não enviar lixo para aterros ou incineradores. Entre as grandes corporações, o Walmart, o maior varejista do mundo, estabeleceu que também até 2025 todas as suas mais de 4 mil lojas sejam lixo zero.
DC – E no Brasil?
Sabatini – A Associação Catarinense de Supermercados (Acats) estabeleceu para 2020 a meta para que todos os seus associados não emitam mais resíduos para aterros ou incineradores. É importante dizer que ainda são metas. É um processo, não é algo mágico que vai ocorrer de uma hora para a outra. Certamente, teremos de desenvolver metodologias para atingir essas metas.
DC – São ações viáveis financeiramente?
Sabatini – O lixo zero é muito mais viável financeiramente do que o lixo. Envolve uma grande cadeia de pessoas, desde a educação para o acondicionamento correto até logística, treinamento, revenda de materiais, processamento, reciclagem. A economia do lixo zero é muito maior do que a economia do lixo. Quando falo em economia, quero dizer o PIB.
(DC, 11/07/2011)
Talentos Verdes
O Ministério da Educação da Alemanha está atrás de jovens cientistas que pesquisam soluções para implementar estratégias de sustentabilidade na sociedade. É a versão 2011 do concurso Green Talents. A terceira edição da premiação aceita pesquisadores de até 35 anos, de todo o mundo, especializados na área de desenvolvimento sustentável. Os 20 selecionados terão a oportunidade de conhecer e trocar opiniões com os principais especialistas atuais no campo da sustentabilidade, na Alemanha. Mais em www.greentalents.de. As inscrições vão até 29 de julho pelo greentalents@dlr.de.
(DC, 11/07/2011)
Menos sacolas, mais pontos
Foram mais de 3.149.032 sacolas economizadas em um ano. Esse é o grande resultado comemorado pela Panvel com o seu projeto Menos Sacolas, Mais Pontos, criado em maio de 2010. O programa estimula que o cliente abra mão da sacolinha de papel ou de plástico na hora de levar suas compras.
Em troca, ele pode ganhar quatro pontos no cartão fidelidade da rede de farmácias.
Com as mais de 3 milhões de embalagens que deixaram de circular, a Panvel concedeu descontos de R$ 85 mil e distribuiu mais de 12 milhões de pontos no cartão da farmácia.
(DC, 11/07/2011)