Berbigão e pinhão estão na lista de alimentos em risco de extinção, segundo Ong internacional

Berbigão e pinhão estão na lista de alimentos em risco de extinção, segundo Ong internacional

Captura indiscriminada do molusco e a degradação das florestas são principais causas

Dois alimentos tradicionais em Santa Catarina correm o risco de desaparecer do cardápio. Segundo levantatamento da Slow Food, movimento internacional de conscientização gastronômica, o berbigão e o pinhão fazem parte de um lista de alimentos em extinção.

A captura indiscriminada e a degradação das florestas podem ser os principais causadores do problema. Para salvar as espécies, a coleta e o manejo devem ser sustentáveis.

De acordo com Ubiratan Farias, acadêmico de Gastronomia, os processos externos criados pelo homem, como os aterros hidráulicos e os esgotos lançados diretamente na água, estão contribuindo para a extinção do molusco.

No caso do pinhão, a escassez é resultado do corte dos melhores exemplares de araucária durante o ciclo da madeira, segundo o engenherio florestal João Ferti Neto.

Ação de proteção

A reserva extrativista da Costeira do Pirajubaé, no Sul da Ilha, em Florianópolis, é um bom exemplo de coleta sustentável de berbigão.

O extenso banco de areia, repleto de material orgânico vindo dos manguezais, é um santuário marinho protegido pela União e um dos grandes viveiros da Ilha.

— A área reúne cerca de 50% do estoque de molusco da região. O local é crucial para a manutenção da espécie — afirma Fabiana Bertoncini , analista ambiental do ICMBio.

Catálogo de alimentos

A relação completa aponta mais de 750 alimentos no mundo, 24 deles no Brasil. A entidade criou o catálogo mundial, batizado de Arca do Gosto, para documentar produtos que estão em risco de desaparecer.

A lista leva em conta cinco fatores: o produto tem que ter característica ou sabor particular. Também deve ter ligação com local e a memória da população onde é produzido. Precisa ser criado de modo sustentável e envolver pequenos produtores. E, por último, corre algum risco de extinção.

(DC, 04/07/2011)