30 jun Mar continuará recebendo dejetos
Até o próximo verão, apenas três praias de Florianópolis devem estar com a rede coletora e de tratamento de esgoto funcionando. Caso o cronograma da Casan seja cumprido dentro do prazo, só na temporada 2012/2013 os banhistas poderão curtir um verão com água mais limpa. Até lá, dejetos continuam sendo jogados no mar.
No Norte da Ilha está concentrada a maioria dos pontos impróprios para banho. As praias da Cachoeira do Bom Jesus, Ponta das Canas e Canasvieiras serão as únicas que terão melhor balneabilidade, em relação à temporada passada, antes do verão. Nestes locais, a Casan promete deixar 100% da rede coletora de esgoto pronta e ampliar a estação de tratamento até outubro deste ano. Serão investidos R$ 30 milhões.
Em Jurerê Tradicional, serão investidos cerca de R$ 11 milhões em saneamento, mas a conclusão da obra deve acontecer em no mínimo oito meses. O edital de licitação para a contratação de uma empresa que vai levar o esgoto desta praia à estação de tratamento de Canasvieiras será lançado no mês que vem.
– Hoje, temos vários pontos de contaminação no Norte da Ilha, mas com a inauguração da rede coletora, em outubro, vamos inverter essa situação e melhorar a balneabilidade do local – afirma o gerente de Construção da Casan, Fábio Krieger.
Para o Sul da Ilha, a conclusão da rede coletora e de tratamento da Praia do Campeche, que se arrasta há três anos, tem previsão de estar pronta no final de 2012. O atraso na obra de R$ 30 milhões, que deveria ter sido concluída no ano passado, foi por conta de problemas com a licença ambiental. No Maciço do Morro da Cruz, no Centro, estão sendo executadas obras para tratamento de água e esgoto. A conclusão deste trabalho, segundo Krieger, vai melhorar a balneabilidade das baías Norte e Sul, onde o esgoto da região é despejado.
No último relatório de balneabilidade feito pela Fundação do Meio Ambiente (Fatma), no dia 22 de junho, dos 65 pontos de banho analisados em Florianópolis, 19 estavam impróprios – quatro a menos do que na última análise feita em abril.
Porém, o gerente de Pesquisa e Análise da Qualidade Ambiental da Fatma, Haroldo Tavares Elias, lembra que com a chegada do calor o número volta a aumentar. Com mais habitantes na Ilha, a quantidade de esgoto jogado no mar cresce e são encontrados mais pontos de contaminação.
(Por Edinara Kley, DC, 30/06/2011)
Tratamento pouco adianta
Para o professor de Engenharia Sanitária e Ambiental da UFSC Luiz Sérgio Philippi, as obras e investimentos ainda representam pouco:
– Estas obras trazem uma melhoria parcial para a questão da balneabilidade. A rede de esgoto acaba não atingindo toda a população, especialmente as classes mais baixas.
O professor observa que a contaminação acontece também pela água da chuva, que escoa para a praia e teria agentes contaminadores, como coliformes fecais. Galerias pluviais resolveriam o problema, mas este sistema de tratamento, segundo ele, ainda não existe no Brasil.
(DC, 30/06/2011)