27 jun Estímulo à reciclagem
Artigo escrito por Albano Schmidt – Presidente do Sindicato da Indústria do Material Plástico do Estado de Santa Catarina (DC, 27/06/2011)
O Brasil perde R$ 8 bilhões por ano ao enterrar materiais recicláveis que poderiam ser usados na produção industrial, segundo o Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea). Reciclamos apenas 13% dos resíduos. Em agosto do ano passado, entrou em vigor a Política Nacional de Resíduos Sólidos, tendo como princípio a responsabilidade compartilhada entre governo, empresas e população para o gerenciamento do lixo e, como bônus, o estímulo a uma atividade econômica promissora e sustentável. É um marco importante, pois estabelece prazos para que os municípios se adequem. Os lixões, por exemplo, terão que ser extintos em quatro anos. Na metade deste período, as prefeituras deverão elaborar um plano de resíduos sólidos e colocá-lo em prática, priorizando o gerenciamento do lixo e estimulando a coleta seletiva e a reciclagem.
Em 1994, apenas 81 cidades faziam coleta seletiva. Hoje, são 443. Há 10 anos, o Brasil tinha 150 mil catadores. Agora, tem mais de um milhão – muitos informais, mas a maioria já instalada em cooperativas, trabalhando de maneira profissional, com treinamento adequado.
O marco legal da política de resíduos sólidos abre nova perspectiva à reciclagem, oportunidade interessante e importante do ponto de vista econômico e social, já que formaliza e gera emprego e renda para camadas de menor poder aquisitivo. Os prazos estabelecidos em lei certamente farão com que se acelerem os processos e sejam colocados em prática projetos de coleta seletiva (pelos governos), instalação de cooperativas (pela sociedade) e políticas de logística reversa (pela indústria), trazendo nova perspectiva econômica e ambiental. Fabricantes terão que oferecer solução para a reciclagem do que produzem, envolvendo toda a cadeia produtiva: da fabricação, à distribuição e coleta posterior, até a reciclagem e destinação final.
O consumidor precisa assumir o seu papel como separador primário, responsável por selecionar e depositar o material a ser reciclado em locais adequados. Por tudo isso, é fundamental que se divulgue e aplique o que está previsto na lei para construir uma sociedade melhor, com menos desperdício, mais respeito ao meio ambiente e mais oportunidades aos cidadãos.