05 maio “Florianópolis pode crescer o dobro do Brasil”
Doreni Caramori Jr. Presidente da Associação Comercial e Industrial de Florianópolis
A Capital pode se expandir no dobro da velocidade do país, Mas, para isso, terá que resolver gargalos de infraestrutura e realizar reformas importantes, como a tributária.
A opinião é de Doreni Caramori Júnior, 31 anos, que assume hoje o segundo mandato à frente da Associação Comercial e Industrial de Florianópolis (Acif). Ele foi reconduzido por consenso pelos 2,6 mil associados e vai permanecer mais dois anos no cargo.
Uma das prioridades será incentivar o debate sobre os problemas locais e nacionais. O raciocínio é que uma população informada e crítica é o melhor caminho para que as reformas necessárias saiam do papel.
Outra linha de trabalho é aumentar o número de associados e desenvolver ferramentas que ajudem na expansão dos quatro setores mais fortes na cidade.
Diário Catarinense – Quais são os projetos para o novo mandato?
Doreni Caramori Jr. – Vamos concluir iniciativas em andamento. Olharemos a Acif com três grandes nortes. Em primeiro lugar, ser forte e, através dessa força, viabilizar os outros dois objetivos, que são dar competitividade aos empresários e trabalhar pelo desenvolvimento econômico da cidade. O resto será decorrente dessas três prerrogativas.
DC – Quais os setores com potencial de crescimento na Capital?
Caramori – Turismo, tecnologia da informação, construção civil e serviços especializados (engenheiros, arquitetos, consultores, odontólogos).
DC – Quais os problemas e soluções para estes setores?
Caramori – Inicialmente, os mesmo gargalos do Brasil. Questões trabalhistas, tributárias, previdenciárias e crise educacional. A postura da associação é o estímulo ao debate. Enquanto não tivermos uma massa crítica vamos ter dificuldade.
DC – No âmbito local, quais serão as iniciativas da Acif?
Caramori – Há algumas ideias. A primeira é criar uma área de acompanhamento legislativo para antever projetos que possam piorar o cenário e apoiar os que melhorem a situação. A atuação será dentro de um corte: infraestrutura, questões tributárias, microeconomia, estímulo a determinado setor, licenciamento, regulamentação e concorrência desleal.
DC – Qual a expectativa de crescimento para a Capital?
Caramori – O avanço do PIB setorial é nosso indicador. Por trabalhar com uma indústria limpa, acreditamos que Florianópolis tem condições de crescer o dobro do Brasil.
DC – Quais setores de Florianópolis são subutilizados?
Caramori – Todos. Ainda estamos deixando o desenvolvimento econômico com a iniciativa privada. Não há estímulo governamental nem setorial. Não é colocar dinheiro nas empresas daqui. É desenvolver ferramentas para o setor expandir.
DC – O problema de mobilidade atrapalha Florianópolis?
Caramori – Muito. A cidade perde competitividade e ganha em problemas como a favelização. O transporte público não chega e o cidadão quer morar perto do emprego. Monta uma casa em lugar inadequado. Você cria problemas sociais. E há perda de competitividade se um funcionário gasta uma hora do dia se deslocando.
DC – Na sua opinião, qual deve ser a linha da reforma tributária?
Caramori – Temos duas frentes principais. Uma é a substituição de impostos. Hoje temos um imposto muito burro que é o imposto sobre a folha de pagamento. Nossa proposta é trocar essa fonte. Ao invés de cobrar tributo sobre a folha, vamos cobrar sobre a movimentação financeira.
DC – E a segunda frente?
Caramori – A unificação de impostos sobre o faturamento e criar o IVA (Imposto Sobre Valor Agregado) com alíquota única ou não. Ele reúne PIS, Cofins, Imposto de Renda, Contribuição Social, ISS e ICMS.
(Por Felipe Pereira, DC, 05/05/2011)