27 abr Cresce a violência em Coqueiros
Falta de policiamento ostensivo, desocupados perambulando pelo bairro e venda e consumo de drogas. Estas são as principais reclamações dos moradores de Coqueiros que, nos últimos meses, estão assustados frente aos constantes assaltos e roubos em plena luz do dia. Para piorar a situação, vários locais públicos e residências abandonadas na região estão servindo de refúgio para marginais. Nas imediações de Coqueiros, cinco pontos críticos vêm sendo apontados pela comunidade: trapiche da Praia da Saudade; prédio embargado no final da Rua Miguel Daux; um depósito de construtora na Rua Carlos Augusto Domingues; uma casa ao lado do Banco do Brasil, na Praia da Saudade, e uma trilha, em meio à mata, na Rua Ivan Dentice Linhares.
De acordo com a comunidade, são estes desocupados que andam arrombando residências e levando tudo que encontram pelo caminho em nome do vício. O proprietário do Posto de Combustíveis Coqueiros, Maurício Bentancor, é uma das vítimas. Segundo ele, lâmpadas, torneiras e até tampas de vaso de banheiro são roubadas. “Eles só não levam o bacio porque está preso no chão”, completa uma funcionária.
Os vizinhos do posto também são alvos dos ladrões. Moradora da Marques de Carvalho desde 1978, a aposentada Sony já colocou alarme e, agora, vai investir em cerca elétrica. “Já roubaram uma televisão e vasculharam a minha casa à procura de jóias”, diz, lembrando que nem os números das residências estão escapando da mira dos bandidos.
Jorge Achar e a filha Vivian, que moram na Rua José do Vale Pereira, também estão sendo reféns de marginais. A residência deles já foi invadida seis vezes. Nem o bangalô do pintor Antônio da Rosa, o conhecido Lico, foi esquecido. Morador da Rua Frederico Kuerten, Lico saiu para fazer um serviço nos Ingleses e quando voltou teve uma péssima recepção: levaram DVD e outros pertences da sua namorada. E ainda esvaziaram a geladeira e levaram um carrinho de mão que estava no quintal.
Os comerciantes do bairro não fogem à regra. Que o diga o proprietário da Padaria Princezinha, Antônio de Quadro, o popular Toninho. A panificadora já foi assaltada duas vezes e o escritório de contabilidade, que fica na parte superior do prédio, também recebeu a visita dos ladrões. “Precisamos de uma solução rápida, pois estamos em situação de desespero”, disse Alexandre Osanai, presidente do Núcleo da Via Gastronômica de Coqueiros e proprietário de restaurante na Praia da Saudade. Ele informa que os empresários já contratam empresas privadas para fazer a segurança das casas comerciais. A proposta, agora, é unir os comerciantes e contratar uma empresa que faça rondas na Via Gastronômica.
Contrário à iniciativa, o tenente-coronel Almir Silva, responsável pelo policiamento da região Continental de Florianópolis, sugeriu que a comunidade faça pressão junto às autoridades, pois, segundo ele, o governo tem obrigação de garantir a segurança dos cidadãos. A opinião é compartilhada pelo presidente do Conseg, coronel Edu Antunes, afirmando que a população já paga muitos impostos e, portanto, é um absurdo investir em segurança privada.
PROBLEMA SOCIAL – Para Almir Silva trata-se de problema social que exige um trabalho entre prefeitura e Polícia Militar. “Estamos fazendo abordagens nas ruas para retirar os andarilhos. Na última investida foram pegos 16 pessoas. Conseguimos encaminhar três para cidades de origem e outros para tratamento de saúde”, explica. O grande entrave- diz- é a falta de local apropriado para encaminhar os usuários de drogas para recuperação. “Sabe-se que é uma gota no oceano, mas é uma tentativa de minimizar o problema que não é só do bairro de Coqueiros, mas de toda a cidade”.
(Folha de Coqueiros, 22/04/2011)