14 fev 70% dos que não usam transporte público o fariam se o serviço fosse de qualidade
Rapidez, disponibilidade e melhores preços são as principais exigências; 24,11% manteria o hábito de se deslocar por meios individuais
Se o transporte público fosse de qualidade, 70,99% da população urbana brasileira que não usam esse serviço nos principais deslocamentos diários se tornariam usuários frequentes do sistema coletivo. Para isso, eles exigem melhorias, principalmente, na rapidez (20,83%), na disponibilidade de linhas (15,67%) e no preço; ou seja, passagens mais baratas (9,22%). Pouco mais de 24% afirmam que nada os faria utilizar o transporte público coletivo.
Os dados são da pesquisa Sistema de Indicadores de Percepção Social: Mobilidade Urbana, realizada pelo Instituto Brasileiro de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), divulgada no dia 24 de janeiro.
Segundo o levantamento, que ouviu 2.770 brasileiros em todos os estados e no Distrito Federal, a disponibilidade e a rapidez ultrapassaram, juntas, 40% das preferências na região Nordeste. Com a exceção dessa parcela do país, em que a indisponibilidade de linhas foi mais citada como condicionante principal ao uso do transporte individual, as demais regiões exigem, em primeiro lugar, a rapidez. Na terceira opção, o preço e o conforto aparecem juntos, com aproximadamente 15% das considerações. Entre os que afirmam que nenhuma opção os faria utilizar os transportes públicos, 32,5% são da região Centro-Oeste e 14,7% do Norte.
Conforto, horários mais estendidos e segurança também foram exigências colocadas pelos entrevistados.
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Marcio Pochmann, presidente do Ipea, enfatizou que a expansão da frota brasileira na última década se deu especialmente por meio de motos e automóveis. “Houve também um crescimento no transporte coletivo, mas não na mesma proporção, visto que para cada ônibus novo colocado em circulação nos últimos dez anos, apareceram 52 automóveis”, disse. “A população tem interesse em usar o transporte público, mas ainda precisa identificá-lo mais com características de rapidez, melhor preço e segurança. Há espaço para ação em matéria de políticas públicas”, concluiu Pochmann.
“Investimentos em metrô, e trem, que integram e comportam mais pessoas, são mais rápidos e poluem menos, podem ser soluções de melhor qualidade, se não for possível reduzir o contingente e a concentração populacional das metrópoles aferida hoje. Essas alternativas, aliadas ao incentivo do governo para promover novas modalidades de transporte, em substituição aos automóveis e ônibus, diminuiriam o fluxo de veículos, os atrasos, o desconforto da população e a emissão de gases poluentes na atmosfera, beneficiando a saúde pública”, recomenda o estudo.
Os meios de locomoção coletivos são utilizados por 44,3% da população, cerca de 85 milhões de brasileiros. O uso de carros aparece em segundo lugar, com 23,8%, e o de motocicletas em terceiro, com 12,6%. O percentual de pessoas que se locomovem a pé é de 12,3%, e a bicicleta aparece como última opção, com 7%.
Brasileiros estão insatisfeitos com o transporte público
Ainda de acordo com o estudo, mais de um terço da população brasileira (39%) considera o transporte público muito ruim ou ruim. No país, 31,3% acham o transporte regular e somente 2,9% consideram muito bom, ao passo que 26,1% o consideram bom e 0,7% não souberam ou não quiseram opinar. A região Sudeste tem o menor percentual de entrevistados que acham o transporte muito bom, 1,8%, ao mesmo tempo em que conta com uma das piores avaliações: 45,9% de reprovação. No Norte há a melhor aprovação, com 7,6% que consideram o transporte público muito bom.
(Por Rogério Ferro, Instituto Akatu, 04/02/2011)