04 jul Faltam R$ 5 mi ao saneamento da Lagoa
A Companhia Catarinense de Águas e Saneamento (Casan) precisa de mais R$ 5 milhões para completar as obras de coleta e tratamento de esgotos na bacia da Lagoa da Conceição, onde foram investidos cerca de R$ 19 milhões nos últimos cinco anos. A informação é do diretor de Expansão da empresa, Valmir Piacentini, que participou de uma reunião com o Ministério Público Federal para apresentar um balanço das obras na região.
“Com a ampliação da estação de tratamento de esgoto da Lagoa e a conclusão das obras da estação da Barra da Lagoa estamos em condições de atender aproximadamente 62 mil moradores”, destacou Piacentini. Entre as pendências está a coleta dos esgotos de áreas da Costa da Lagoa, onde parte da rede de coleta já foi assentada, sendo necessária a instalação de um emissário submarino para conduzir os dejetos até a Barra da Lagoa.
Para executar esse serviço a Casan depende da liberação de recursos da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), no valor de R$ 400 mil, obtidos por meio de emenda parlamentar do ex-deputado federal Edson Andrino (PMDB).
“Vamos investir outros R$ 170 mil de recursos próprios para que essa região seja definitivamente atendida na área do saneamento”, assinalou Piacentini.
As obras da estação de tratamento de esgotos da Barra da Lagoa, iniciadas em 2001, permaneceram paradas até o final do ano passado, quando foram retomadas. “Aplicamos ali recursos que estavam previstos para outras regiões da cidade”, disse. Com capacidade para atender até 32 mil pessoas, a unidade vai receber inicialmente o esgoto de 10 mil a 12 mil moradores durante a baixa temporada, podendo chegar a 20 mil no verão. “A capacidade máxima poderá ser atingida dentro de 20 anos”, calcula o diretor de expansão da Casan.
Já a estação da Lagoa da Conceição teve sua capacidade de tratamento ampliada de 16 mil para 32 mil pessoas, com o investimento de R$ 5 milhões. Com isso, a unidade ficará habilitada a receber o esgoto do Canto da Lagoa, cujo emissário está sendo assentado. “Com essas obras estamos completando investimentos de R$ 11 milhões na Barra da Lagoa e outros R$ 7 milhões na Lagoa, perfazendo R$ 19 milhões gastos com o saneamento”, destacou Piacentini.
Casan pretende instalar servidão sanitária
O entrave mais complexo a ser superado pela Casan está localizado nas margens do riacho que nasce no morro da igreja e desemboca no trecho sul da Lagoa da Conceição. “Pretendemos criar uma servidão sanitária nas margens do riacho, onde deveria existir mata ciliar de proteção, mas o que encontramos são residências, alguns clandestinas, outras não”.
Se a Casan conseguir autorização ambiental para implantar emissários nas margens não vai precisar escavar junto às vias internas do Canto da Lagoa, nem implantar elevatórias, tornando a obra mais barata. “Obtivemos o apoio da procuradora federal Analúcia Hartmann para a criação da servidão sanitária, onde boa parte do esgoto vai seguir por gravidade”, salientou.
Essa obra, entretanto, não vai cobrir todos os moradores, permanecendo fora dois grandes condomínios (Village e Saulo Ramos), “pois as pessoas que residem ali têm condições de construir uma estação de tratamento própria, enquanto os mais pobres não possuem essa facilidade”, justificou. Os moradores da região do Porto da Lagoa também vão ficar fora dessa etapa das obras da Casan.
Para a implantação do sistema no Porto da Lagoa a empresa precisa de aproximadamente R$ 560 mil, visando a instalação de um emissário até a estação de tratamento da Lagoa. “Esse valor estava previsto no Prodetur, mas como os recursos não saíram até agora perdemos as esperanças de que isso aconteça”, salientou Piacentini, que espera até o próximo ano pela liberação. “Se isso não ocorrer, teremos que buscar outras alternativas”, salientou.
Além da Lagoa da Conceição, a Casan executa obras de tratamento de esgoto no Saco Grande, atendendo o Centro Administrativo do Governo do Estado, Vila Cachoeira, Parque da Figueira e o shopping em construção na região. Também estão em andamento as obras de esgotos de Ingleses (conclusão de serviços já iniciados), e na Costeira do Pirajubaé, cujos dejetos serão levados até a estação de tratamento no Centro de Florianópolis.
“Nos preocupa a situação do Ribeirão da Ilha e Santo Antônio de Lisboa, onde estão concentradas as atividades de maricultura de Florianópolis”, destacou o diretor de Expansão da Casan. As obras nos dois distritos vão custar cerca de R$ 20 milhões, recursos de que a empresa não dispõe e que tenta obter junto a uma agência de financiamento do Japão. (CM)
Comitê espera tratamento no Rio Vermelho
O Comitê de Gerenciamento da Lagoa da Conceição vai convidar a Casan para uma reunião com a comunidade. O objetivo é conhecer os detalhes dos investimentos e obras em andamento. “Apesar de o Comitê ter permanecido sem atividade por quase um ano, estamos retomando o assunto”, destacou o jornalista Jeffrey Hoff, cobrando da Casan providências em relação ao Rio Vermelho. “Em 2001, técnicos da empresa garantiram que o maior foco de lançamento de poluentes na Lagoa era a região do Rio Vermelho, mas até agora não se falou em coletar o esgoto daquela área”.
Em recente encontro com integrantes da Agência Nacional de Águas (ANA) houve compromisso público de liberação de recursos para a elaboração de um diagnóstico sócio-econômico e ambiental da Lagoa, conforme determinação da Justiça Federal. “O Município e o Estado deveriam ter providenciado esse estudo, o que não aconteceu”, destacou Hoff. “O termo de referência para a elaboração do diagnóstico está pronto há dois anos”, lembrou.
“Alguns dos problemas que ocorriam com o esgoto na Lagoa, como os transbordamentos da rede de coleta, não existem mais”, observou o empresário Maurício Blasi, ex-diretor geral da seccional da Associação Comercial e Industrial de Florianópolis (Acif-Lagoa). “A melhoria que ocorreu é sensível devido à ampliação da capacidade de tratamento da estação”, acrescentou. “Esperamos que essas obras eliminem a poluição lançada na Lagoa Pequena, onde a proliferação desordenada de algas preocupa todos os moradores”, destacou Blasi.
(Celso Martins, A Notícia, 04/07/2006)