Turismo precisa ser discutido com seriedade

Turismo precisa ser discutido com seriedade

Da coluna Ponto Final, por Carlos Damião (ND, 28/01/2011)

Balneários que viraram bairros residenciais têm condições de receber tantos turistas todos os anos?

Moradores e comerciantes de Ingleses protestaram na quinta-feira (27/1) contra a falta de infraestrutura do bairro para receber tantos turistas. O problema principal é o saneamento básico. Como fui chamado pelo amigo colunista Leo Coelho de “associal” em relação a turistas, explico e rebato na tecla: nos últimos anos muitos balneários viraram bairros residenciais e perderam as características de “paraísos” turísticos vendidos pela mídia e pelas agências. Há excesso de ocupação e os problemas se multiplicam. Isso tem que ser percebido, discutido, analisado e solucionado: como chamar “zilhões” de turistas para aglomerados urbanos como Ingleses, Jurerê, Campeche, Canasvieiras, sem que isso afete a vida dos moradores? Então, a questão não é ser associal. Mas ter a consciência de que estamos no limite e que Florianópolis não é o paraíso na Terra, como alguns fogueteiros chegam a dizer.

Tamanho

Além do problema de saneamento, Ingleses sofre também com a mobilidade urbana – não há espaço para circulação de ônibus de turismo. Quando os coletivos param, o trânsito local fica trancado. Comerciantes reclamam também do nível de educação de grupos de turistas, que em geral desrespeitam a comunidade.

Campeche

Circula na internet um manifesto que denuncia a perigosa ocupação urbana no Campeche, bairro que, como tantos, carece de infraestrutura básica. Moradores estão organizando uma manifestação para este sábado (29/1), às 9h30, na Avenida Pequeno Príncipe, para protestar contra o pouco caso do poder público com o balneário. Uma das razões é o show programado para o dia 5 de fevereiro, no Riozinho.

Escravidão

Chegam à coluna mais denúncias sobre o trabalho de ambulantes em Florianópolis. Faz tempo que autoridades e empresários desconfiam que os vendedores procedentes do Nordeste integram esquema de trabalho escravo. O que os ambulantes vendem mal dá para o sustento diário, ou seja, eles mal se alimentam.

Procedência

Em temporadas passadas, fiz pesquisa em praias do Norte da Ilha com ambulantes que vendiam redes. Eles chegavam num caminhão-baú, com placas do interior da Paraíba. A maioria dormia no próprio veículo, depois de perambular o dia inteiro. O que mudou de lá para cá? Só piorou. A casa da mãe Joana continua aberta para qualquer aventureiro que queira montar sua tenda!