Temporada no lixo

Temporada no lixo

Editorial do Diário Catarinense, 17/01/2011)

Durante a temporada de verão, as praias da Ilha de Santa Catarina são tomadas pelo lixo produzido por seus frequentadores, tanto os nativos quanto os turistas. Reportagem publicada em nossa edição de sexta-feira (14/01) conferiu o panorama decorrente da irresponsabilidade e incúria dos banhistas em relação a esses atraentes espaços coletivos, decisivos para que Florianópolis se perfile entre os mais procurados destinos turísticos internacionais pelo jornal The New York Times. A situação foi verificada, no início do dia e ao final da tarde, em quatro das mais movimentadas praias da Capital.

Manhã cedo, equipes da Companhia de Melhoramentos da Capital (Comcap) trabalham para limpar a imundície produzida na véspera. Copos e garrafas de plástico e de vidro, latas de cerveja e refrigerante, nauseabundos restos de comida e por aí afora, empestando o ambiente. Pior, segundo a Comcap, é o chamado microlixo – como bitucas de cigarro, canudos, espetinho e até mesmo, preservativos. Todos os dias, em média, são recolhidas 24 toneladas de dejetos nas praias, e, nos finais de semana, com bom tempo, podem chegar a 33 toneladas. Um trabalho que mobiliza, em tempo integral, 188 funcionários da empresa municipal.

Não raro, banhistas sentados ao lado das lixeiras sequer se dão ao trabalho de nelas depositar a sujeira que produzem. Elementar falta de educação, de respeito à preservação ambiental e à própria saúde pública, eis que o lixo pode ser retirado, mas a contaminação, na areia e no mar, não. Há que estabelecer punições a esses “contraventores de temporada”, a exemplo do que já ocorre em plagas mais civilizadas.