21 ago Klink, a Ilha e o mar
Da coluna de Moacir Pereira (DC, 17/08/2007).
Maior ilha do Arquipélago das Baleares e uma das maravilhas da costa espanhola, Maiorca conta com 7 mil barcos, que garantem uma receita de US$ 400 milhões, 70 mil empregos diretos e 250 mil indiretos. São 41 marinas a prestar serviços ágeis e de qualidade para embarcações de todo o mundo. A capital, Palma de Maiorca, tem cerca de 400 mil habitantes. A economia move-se pelo turismo sustentável, e, neste rico segmento, pela força do lazer e dos esportes náuticos.
A Ilha de Santa Catarina tem tudo para executar um projeto semelhante, com benefícios para toda a população. Faltam, contudo, infra-estrutura, ordenamento legal, um projeto legitimado pela população, segurança jurídica e vontade política.
Esta a tese de Amyr Klink, experiente navegador paulista, personagem mundial de façanhas e recordes de viagens solitárias, ao falar sobre os graves riscos do aquecimento global para um plenário atento, que lotou o auditório Antonieta de Barros da Assembléia Legislativa.
Sugeriu a construção, na Ilha, de uma marina pública com gestão privada para mil barcos. As concessões, feitas por licitação, garantirão a qualidade dos serviços pela concorrência. A Capital carece, também, de pequenas marinas ao redor da Ilha e de atracadouros com píeres flutuantes, permitindo, aos moradores e aos turistas, o acesso às belezas naturais.
Há problemas locais, mas também óbices na legislação nacional. O litoral brasileiro tem extraordinário potencial para expandir o turismo de charters, com navios de médio porte para 200 passageiros. É um dos setores do turismo náutico que mais cresce no mundo, particularmente na Europa. Mas aqui as leis são atrasadas, restritivas, irreais, burras.
Em conversa com os jornalistas, Amyr Klink quis saber quantas escolas de vela existem em Florianópolis. E informou que a França possui 7 mil clubes de vela, criados com incentivos governamentais e comunitários pela sua força educativa. A prática da vela e o contato com o mar incentivam nas crianças e nos jovens a disciplina, o respeito, a consciência ambiental e noções de responsabilidade. Fermentos na formação da cidadania.
Depois de várias viagens à Antártica, mostra-se assustado com o aquecimento global. Há 15 anos, tomava banho de sol. Hoje, exposição mínima causa queimaduras de primeiro grau. Contou que um cabo de polipropileno usado no barco durava até seis anos. Hoje, o mesmo cabo vira pó com um ano de uso na Antártica.