MPF requer imediata suspensão de obras em condomínio na Lagoa da Conceição

MPF requer imediata suspensão de obras em condomínio na Lagoa da Conceição

Além das irregularidades ambientais apontadas, empreendimento não realizou Estudo de Impacto de Vizinhança
O Ministério Público Federal em Santa Catarina propôs Ação Civil Pública que questiona a implantação de um empreendimento de grande porte localizado às margens da Lagoa da Conceição, considerada um dos cartões postais de Florianópolis. A ação foi ajuizada contra a Biterra Empreendimentos Imobiliários, a Fundação do Meio Ambiente (Fatma) e o Município de Florianópolis.
O caso teve origem no MPF por meio da instauração de Inquérito Civil Público, que objetivava averiguar a regularidade do procedimento de licenciamento ambiental e a autorização de corte de vegetação nativa em área de preservação permanente, bem como a aprovação do Poder Executivo Municipal para o projeto. Proposta pela procuradora da República Analúcia Hartmann, ação requer, além da paralisação das obras, a suspensão das licenças e autorizações expedidas pela FATMA para supressão de vegetação e instalação do empreendimento; como, também, a suspensão de autorizações, permissões ou alvarás deferidos pelo Município para o empreendimento.
Atualmente a região enfrenta inúmeros problemas ambientais causados pela ausência e insuficiência de saneamento básico concomitante ao crescimento urbano desordenado. Contraditoriamente, o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) não exigiu nenhuma informação sobre a existência da rede de coleta no terreno ou próximo a ele, ou se existe viabilidade para a já sobrecarregada estação de tratamento de esgotos da Lagoa (que é objeto de outra ACP em andamento no MPF) suportar mais esse acréscimo de utilização, sem agravar a poluição na região.
Conforme prospecto, o Loteamento Biterra “Porto da Costa”, localizado na Rua Afonso Delambert Neto, será constituído de 5 quadras, com um total de 89 lotes, sendo 85 residenciais e 4 comerciais, planejado para uma das últimas grandes glebas de terrenos desocupados do bairro. Estima-se que o empreendimento implantado e operando com sua capacidade máxima, contará com uma população de 425 moradores (considerando 5 pessoas por lote), isso sem contar os dados relacionados aos lotes comerciais, que não foram considerados. Mesmo assim, não foi exigido Estudo de Impacto de Vizinhança para o projeto.
A ação também relembra que, por decisão do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, não só é desejável como também imprescindível que quaisquer construções ou edificações de grande porte no entorno da Lagoa da Conceição ou, mais precisamente, na respectiva bacia hidrográfica, devam sujeitar-se à exigência dos estudos de impacto ambiental e de vizinhança.
Outro questionamento refere-se ao aviso sobre a audiência pública realizada para se discutir a implantação do empreendimento com a comunidade, que não indicou aonde seria implantado o empreendimento. Para Analúcia, a omissão não foi por acaso, mas sim uma manobra para não atrair público. É que a área em questão é uma das poucas que nunca foi desmatada completamente desde a ocupação original do bairro. Por isso tem se tornado objeto de manifestações da sociedade local para preservação e transformação em parque público, por sua importância ambiental e cultural. Mesmo assim, em maio deste ano, o empreendedor afixou placas no local informando que os trabalhos de supressão da vegetação iriam iniciar, o que levou o MPF a encaminhar novo ofício à Fatma para suspender os efeitos da autorização de corte, bem como a reanálise da Licença Ambiental Prévia (LAI).
Os moradores da Lagoa da Conceição apontam, ainda, deficiências nas infraestruturas básicas urbanas da região, como o ineficaz e insuficiente sistema de tratamento de esgoto, a péssima mobilidade urbana e as deficientes redes de drenagem pluvial.
Para a procuradora, esta ação retrata o “triste quadro da doença da omissão dos Poderes Públicos, que está acabando com os recursos naturais e a qualidade de vida de Florianópolis. Afinal, os danos ambientais que empreendimentos desse porte podem ocasionar não são apenas suposições”.
ACP nº 5009033-59.2010.404.7200
(MPF, 07/12/2010)
MPF quer suspender condomínio
O Ministério Público Federal em SC entrou com ação civil pública na Justiça para suspender a construção de um loteamento para 85 casas e quatro prédios comerciais no terreno conhecido como Vassourão, na Lagoa da Conceição, em Florianópolis.
A ação foi ajuizada contra a Biterra Empreendimentos Imobiliários, a Fatma e a prefeitura. A ação requer a suspensão das licenças e autorizações expedidas pela Fatma para corte de vegetação e suspensão de autorizações da prefeitura para a construção.
Segundo o MP, o Estudo de Impacto Ambiental não exigiu informação sobre a rede de coleta de esgoto no terreno e se existe viabilidade para e estação de tratamento da Lagoa. É questionada também a falta de Estudo de Impacto de Vizinhança.
O presidente da Fatma, Murilo Flores, diz que a licença foi dada porque a área é residencial. O secretário de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano, José Carlos Rauen, explica que o projeto arquitetônico foi aprovado, mas o de construção ainda não. O diretor da Biterra Edson Arlindo diz que o projeto está regularizado.
(DC, 08/12/2010)
Da coluna de Cacau Menezes (DC, 08/12/2010)
Omissão dos poderes

O Ministério Público Federal pediu à Justiça Federal que ordene a suspensão das obras do Condomínio Porto da Costa, empreendimento de luxo que está sendo construído naquela que é considerada a última grande gleba de terra da Lagoa da Conceição, o maior cartão-postal da Capital. Projeto prevê a construção de cinco quadras, com um total de 89 lotes, sendo 85 residenciais e quatro comerciais.
Para a procuradora Analúcia Hartmann, que propôs a ação civil pública, esta iniciativa retrata o triste quadro da doença da omissão dos poderes públicos, que está acabando com os recursos naturais e a qualidade de vida de Florianópolis.