26 out Prédio histórico de Florianópolis foi derrubado mesmo com a recomendação contrária do MPF
Edifício Mussi vira pedra sobre pedra
O edifício Mussi, considerado um dos marcos da arquitetura moderna da Capital, foi posto abaixo mesmo com a recomendação contrária do Ministério Público Federal. A demolição começou no fim de semana, logo após o alerta da entidade aos órgãos públicos na sexta-feira.
Ao ser informado pelo Instituto de Planejamento Urbano de Florianópolis (Ipuf) da tramitação de um processo de demolição, solicitada pela construtora Hantei, o procurador Eduardo Barragan recomendou a suspensão da intervenção no prédio localizado na Rua Nereu Ramos, no Centro. O pedido foi encaminhado à empresa e à Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano (SMDU).
O objetivo era fazer com que o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e outras entidades avaliassem a importância de preservação do prédio.
O secretário da SMDU, José Carlos Rauen, disse ontem que a prefeitura autorizou a demolição na sexta-feira e só recebeu a recomendação do Ministério ontem. Como não era tombado, ele afirmou não ter motivos para impedir a construção de um novo prédio no local do Mussi.
O Plano Diretor do Distrito Sede, de 1997, exige a aprovação do Serviço de Patrimônio Histórico, Artístico e Natural de Florianópolis (Sephan) para por abaixo prédios com mais de 30 anos. O processo de construção e o de demolição são distintos, no entanto, a regra não foi seguida à risca neste caso.
– Em 2005, o Sephan orientou como deveria ser a obra. Se a entidade aprova a construção, fica subentendido que autoriza a demolição. Não precisamos ter dois trabalhos encaminhando um novo pedido de avaliação – justifica Rauen.
Construído em 1957, o edifício Mussi foi tema de teses de doutorado de arquitetura na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Um deles foi apresentado pelo professor Luiz Eduardo Fontoura, que aponta a edificação como um símbolo do começo da verticalização de Florianópolis.
Nenhum dirigente da empresa Hantei foi encontrado para comentar o assunto. O procurador Eduardo Barragan só falará sobre o caso hoje.
(Por ROBERTA KREMER, DC, 26/10/2010)