27 abr Novo anel de distribuição de energia da Celesc vai aumentar segurança no abastecimento da Ilha
Pedra e água. Este é o caminho encontrado pelas equipes das Centrais Elétricas de Santa Catarina (Celesc) para fechar o anel do sistema elétrico da Ilha. Pela frente, às vezes rochas que forçam desvios. Outra vezes é a presença do lençol d’água, o freático, que obriga horas de sucção do que emerge das nascentes.
O circuito é considerado essencial para o abastecimento de Florianópolis e torna, segundo a Celesc, nulo o risco de apagões, como o de 2003, que deixou os moradores da Ilha 55 horas sem energia. A previsão é de que os 35% de obra que faltam estejam concluídos em setembro.
O anel inclui as duas subestações, a da Trindade, que funciona desde 1980, da Agronômica, ao lado da casa do governador que está com 85% da obra pronta, e melhorias da Subestação Ilha Centro. O papel de uma subestação é transformar a tensão elétrica e redistribuí-la. Para estender os 10,7 quilômetros das linhas subterrâneas, parte dos trabalhos para conectar a nova Subestação da Agronômica às subestações Trindade e Ilha Centro, foi preciso enfrentar as surpresas do solo. Uma das linhas tem 4,5 quilômetros e conecta a nova a Subestação da Agronômica à Subestação Ilha Centro, junto à cabeceira da Ponte Hercílio Luz. A segunda, com cerca de 6,5 quilômetros, faz o elo até a Subestação Trindade, no Córrego Grande.
O cabo subterrâneo que partiu da Subestação da Trindade, rasgando o chão em direção à Subestação da Agronômica, chegou à Avenida Beira-Mar Norte. Seguiu pelo caminho dos dutos, a 1,65 metro de profundidade. Para esse trabalho, as equipes contaram com o MND (sigla para material não destrutivo), equipamento que opera sem mexer no asfalto.
A máquina “abre caminho” para os cabos (fibra ótica) que ligam as subestações. Não fosse isso, diz o engenheiro Jairo Búrigo, chefe da Divisão de Subestações, os transtornos à população teriam sido bem maiores, inclusive com o fechamento do trânsito.
A tecnologia mudou nos últimos 30 anos. O que passava por cima das cabeças das pessoas, hoje está sob os pés, em forma de rede de distribuição subterrânea. A cada 700 metros são feitas as emendas, com uma técnica de soldagem que garante segurança ao sistema e à população.
Mais modernidade e proteção à natureza
Uma subestação construída no molde convencional, como a da Trindade, é aberta, está inserida no meio urbano e produz ruído. A da Agronômica fica protegida em um imóvel blindado para efeitos do clima, ocupa uma área menor e reduz os ruídos por causa do tratamento acústico das paredes. A questão ambiental também é diferente. Enquanto a primeira depende de óleo mineral, a outra usa óleo biodegradável, com menos riscos à natureza.
A Subestação Agronômica é a mais moderna do Estado e possui dois transformadores que dobram a quantidade de energia disponível para atendimento do Centro da cidade. A nova subestação faz parte de um investimento de R$ 72 milhões, que inclui a modernização da Ilha-Centro, as duas linhas de transmissão e as redes subterrâneas.
O anel
– A ligação entre as três subestações de Florianópolis (Agronômica, Trindade e Ilha Centro) permite fechar, em forma de anel, a rede de abastecimento de energia que atende a Ilha de SC.
– Atualmente, a área central é abastecida pela unidade Ilha-Centro, que recebe energia da subestação do sistema Eletrosul em Palhoça. A energia é transportada por uma linha de transmissão que percorre a BR-101, a Via Expressa, e atravessa a Ponte Colombo Salles até chegar à Ilha.
– Com a conclusão das obras do anel, haverá uma interligação da Subestação Ilha Centro com a da Trindade – essa última recebe energia de Palhoça por uma segunda linha de transmissão. A da Trindade também é abastecida pela subestação Desterro (Eletrosul), localizada no Sul da Ilha. Ela é conectada ao sistema por um cabo submarino.
– Com as subestações Trindade e Ilha-Centro interligadas, a energia passa a ter dois caminhos para chegar ao Centro da cidade: um pela Ponte Colombo Salles, outro pelo Sul da Ilha. Se houver qualquer problema com uma dessas linhas de transmissão, o atendimento é garantido por meio da segunda opção.
Fonte: Centrais Elétricas de Santa Catarina (Celesc)
(Por Ângela Bastos, DC, 27/04/2010)
Saem postes, entram dutos
Cerca de 70% dos problemas na rede de distribuição de energia elétrica são causados por fatores não técnicos, como queda de placas publicitárias, galhos de árvores e batidas de carros. Com o crescimento das cidades, as dificuldades para a chegada das equipes e dos veículos são cada vez maiores para o pronto restabelecimento. Por isso, estatais como a Celesc planejam que as ligações aéreas cedam espaço às subterrâneas. Saem os postes, entram os dutos.
A busca de um financiamento para acelerar esta realidade reuniu recentemente em Brasília, representantes de estatais como Celesc, em SC, e de outros estados como Minas Gerais, Goiás e Rio Grande do Sul.
– No setor elétrico, existe financiamento para linhas de transmissão e de produção. Porém, não para a distribuição. Não adianta gerar energia se existem dificuldades para distribuir – sugere o diretor-técnico da Celesc, Eduardo Carvalho Sitonio.
O projeto total para as seis estatais é de R$ 3,6 bilhões. Com o investimento, o sistema poderá se tornar mais inteligente, o que ocorreria com a aplicação de métodos modernos automatizados. A proposta é de que o financiamento seja a fundo perdido ou a longo prazo.
– Isso evitará que os custos tenham que ser repassados para a fatura do consumidor – avalia Sitonio.
O diretor-técnico diz que os estados do sul estão cada vez mais enfrentando dificuldades em função do clima. Por isso, considera importante um programa de distribuição, alterando o modelo atual para oferecer melhorias e confiabilidade do sistema.
(DC, 27/04/2010)