19 abr Mercados públicos do calote em Floripa
Da coluna Visor, por Rafael Martini (DC, 18/04/2010)
Conhecido, mesmo, tem só um. Fica no coração da cidade e é considerado um dos cartões-postais de Floripa. Poucos sabem ou lembram, mas existem outros dois mercados públicos na Capital. Estão descaracterizados em relação aos projetos originais. Só que as bancas seguem ocupadas. Sem que um centavo de locação seja pago aos cofres da prefeitura. Oficinas, lanchonetes, salão de beleza e o comércio de todo tipo de bugigangas tomaram o lugar das lojas que, antes, vendiam alimentos.
O mercado do Bairro Estreito, região continental da cidade, fica na Rua Fúlvio Aducci, esquina com a Heitor Blum. São 15 pontos que pertencem ao município. O outro mercado está na Ilha, na Avenida Hercílio Luz, esquina com a Avenida Mauro Ramos, onde era a antiga estação rodoviária. São 23 bancas que operam sem a fiscalização do poder público. Como ninguém incomoda os “proprietários”, os espaços vão sendo vendidos, trocados e ocupados sem nenhum controle.
Enquanto seguem quase anônimos, à margem do poder público, o mercado público principal transformou-se num campo de batalha. Em que cada centímetro é disputado. De um lado, os proprietários das 124 bancas, que não querem nem ouvir falar em edital de licitação e fechamento da Avenida Paulo Fontes para o trânsito de veículos. Alegam que o movimento caiu 40%. Do outro, a prefeitura, que pretende aumentar a arrecadação e regularizar a situação do mercado.
No centro desta disputa, um público estimado de 70 mil pessoas que passa diariamente pelo local. É muito consumidor para ser ignorado. Só que mesmo ali, com um administrador da prefeitura no local, a inadimplência assusta. Cerca de 45% das lojas estão com o aluguel atrasado. Uma das maiores peixarias, por exemplo, não paga a locação há 15 anos. Deve R$ 40 mil em impostos à prefeitura. Mas está lá. E só vende a dinheiro. Cadê o Ministério Público, a Secretaria da Fazenda e a Receita Federal? Não seria o caso de uma intervenção?