Todos em busca de soluções para a música local

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Debate sobre a música catarinense, promovida por meio do projeto Rumos Itaú, aponta caminhos para o crescimento

O pretexto era a divulgação dos editais do programa Rumos do Itaú Cultural, mas o debate promovido entre quinta e sexta-feira da última semana, no Teatro da UFSC, ficou centrado na música catarinense. Não foi uma discussão, porém, sobre a qualidade de nossos músicos e compositores. Foi sobre ideias – como criar mercado e possibilidades para que nossos artistas e bandas ultrapassem as barreiras da falta de estrutura e de diálogo com o poder público.

A grande conclusão do debate: a criação de um coletivo de músicos e grupos musicais é a melhor maneira de conseguir uma eficiente interlocução com as esferas de governo, seja federal, estadual ou municipal.

Entre os temas em pauta, estiveram a circulação regional, difusão e em especial cooperativas de música. Carlos Zimbher (que é cantor, produtor e curador musical) e a cantora e produtora Janine Durand falaram sobre a Cooperativa de Música de São Paulo. Ele é diretor. Ela, vice-presidente da organização, que conta hoje com 1,5 mil associados.

– O sistema de cooperativa é o melhor, hoje, para poder trabalhar com músicos de forma coletiva. É a maneira mais fácil para que a classe musical possa participar de editais públicos, e de criar e administrar serviços para os artistas associados – afirmou Janine.

Zimbher ainda explicou como funcionam o selo fonográfico da cooperativa, que lança CDs dos associados, e como é concebido o festival que ela promove, hoje um dos principais do calendário brasileiro.

Interesse ultrapassa cena de Florianópolis

Para o curador da programação catarinense, o produtor, jornalista e crítico musical Israel do Vale, a discussão é importante e pode apontar o caminho para a música produzida no nosso Estado.

– Na verdade, essa mobilização coletiva já começou em Santa Catarina, mas os exemplos servem para mostrar que o caminho é a união. Em São Paulo ou em Minas Gerais, onde também há uma organização coletiva bem estruturada, os representantes dos músicos sentam à mesa para discutir pessoalmente com o secretário estadual de Cultura. Fica mais simples ter acesso aos recursos e à estrutura do poder público – destacou Israel.

O debate reuniu músicos, produtores e jornalistas. Não foi uma discussão isolada. Ela começou, na verdade, com a articulação de produtoras como a Insecta e de iniciativas como o SConectada – fórum de coletivos de música que está percorrendo o Estado. Ainda na semana passada, o SConectada passou por cidades como Itajaí, Balneário Camboriú e Joinville, entre outras, para divulgar o encontro da semana passada entre representantes da cadeia, o que teve um bom resultado.

– Mobilizou, veio gente de Balneário Camboriú, Joinville, Rio do Sul que pegou a estrada para participar da discussão – observou o músico e produtor Guilherme Zimmer, da Insecta e do SConectada.

Em Santa Catarina, o debate foi realizado por meio de parceria entre os projetos Itaú Cultural e 12:30, da Universidade Federal de Santa Catarina, e integrou as comemorações dos 50 anos da UFSC. Os editais da edição 2010 do programa Rumos serão abertos para as áreas de Literatura, Pesquisa, Música e, pela primeira vez, Teatro. As inscrições vão até 30 de junho, com exceção de Literatura, até 31 de julho.

(Por Renê Muller, DC, 30/03/2010)