Vamos preparar a cidade para os 300 anos?

Vamos preparar a cidade para os 300 anos?

Artigo escrito por Laudelino José Sardá, jornalista, professor (Acontecendo Aqui, 23/03/2010)
Se você tem 40 anos de idade, estará com 56 quando Floripa completar 300 anos. Falta muito? Não, para uma cidade recheada de problemas, é preciso agir rapidamente, a fim de que tenhamos motivos suficientes para promover a melhor festa do mundo. Claro que não traremos Andrea Bocelli. Quem sabe ilha seja cantada em diferentes pontos por uma junção musical, que expresse a alegria da vida, seus recursos naturais, sua gente….
Os 16 anos podem até ser insuficientes para Floripa vencer tantas dificuldades. Por exemplo, quanto tempo será necessário para dotá-la de uma rede de esgoto, nos 480 quilômetros quadrados? E para reorganizar o seu crescimento, derrubando os excessos de concreto, recuperando mangues, rios, córregos e lagoas? E para acabar com o imobilismo? Na véspera dos 284 anos da cidade, em noite de lua crescente, milhares de carros engarrafados tentavam chegar ao norte da ilha, à região da Lagoa e aos bairros da Trindade e Itacorubi. É todo dia, todas as manhãs, todos os meio dias, todas as noites, a cidade vive entulhada de carros e algumas pessoas caminhando, driblando obras, entraves e entulhos. Aliás, como está difícil caminhar em Floripa.
Vamos pensar em um planejamento estratégico para os próximos 16 anos? O que seria prioritário?
Três obras imprescindíveis precisariam ser executadas simultaneamente: 1) humanização das favelas e controle social rigoroso, para evitar que famílias se instalem em ambientes promíscuos, etc; 2) recuperação e proteção do meio ambiente. A recuperação das reservas de mangues, a preservação dos morros, encostas, rios, riachos e de córregos, etc. 3) reurbanização urgente de toda a cidade, definindo as áreas residenciais limitadas, as comerciais e, principalmente, as de preservação permanente, implantando, também, um sistema de transporte coletivo eficiente, procurando viabilizar metrô aéreo, permitindo aos usuários se deslocarem diariamente apreciando a beleza de Floripa. É caro? Claro, mas, proporcionalmente, seria mais barato que o dinheiro gasto em pavimentação de ruas, ruelas e picadas.
Falta dinheiro? Claro que o orçamento não permitiria, mas bons projetos têm acesso a financiamentos de bancos públicos e ao orçamento do Ministério da Cidade. É preciso que os governantes tenham sensibilidade com as causas públicas, o que não ocorre com o alcaide alienígena, por exemplo.
As obras seguintes, nos planos das prioridades, seriam: dotar a cidade de ciclovias e parques, onde as pessoas pudessem caminhar, levar suas famílias, etc. Manter e desenvolver os atuais programas de educação e de saúde, muito bem projetados e executados pelos secretários Rodolfo Pinto da Luz, da Educação, e João Cândido da Silva, da Saúde. Instituir um plano de proteção e de desenvolvimento sustentável de todos os balneários, onde deveriam ser estimulados investimentos privados em centros de evento, equipamentos de lazer para as quatro estações, etc, a fim de gerar a economia durante todo o ano. E, concomitantemente, implodir o centro de convenções do aterro, aquele vergonha que está de costa para o mar. A questão da imobilidade exige um estudo profundo e soluções diversas, entre as quais um eficiente sistema de transporte coletivo, a exemplo do metrô exemplificado acima. O centro da cidade, em um raio de 1,5 quilômetros, passaria a se constituir a referência cultural da cidade. Nesse ambiente já existem três museus, quatro teatros, mercado, casarões, centros de arte, etc.etc. Além de restaurar o centro, desenvolver programas de valorização das artes, incluindo teatro, artes plásticas, literatura, cinema, escultura, etc. Desta forma, o habitante de Floripa e os turistas não precisariam mais lotar shopping em dias sem sol.
Ah, a segurança. Bem o problema de violência seria automaticamente vencido pela qualidade de vida da cidade.
O governante que quiser transformar Floripa precisa apenas de criatividade, inovação, compromisso com a cidade e sinergia de equipe ética e empreendedora.
Assim, com certeza, teremos motivos de sobra para promover a maior festa de todos os tempos em 23 de março de 2026, quando Floripa chegará aos três séculos de existência.
Você acredita nisso? Não é sonho, não. É a realidade. Pena que não há políticos em condições de arregaçar as mangas. Aliás, político só arregaça as mangas para sair na foto, aquele “santinho” em que consta o seu número para cabalar votos.
Mas o povo pode arregaçar as mangas, pelo menos para protestar e exigir um plano diretor decente, cujo projeto já está na Câmara Municipal.
Inté.