Florianópolis cosmopolita

Florianópolis cosmopolita

Os olhos de João Vitorino, 7O anos, demoram para se acostumar com o que vêem. Ele anda pelas ruas de Florianópolis com a curiosidade de quem chega à Capital pela primeira vez. O movimento de carros e a multidão de pedestres nas ruas, os prédios altos de vidro fumê, os elevados e viadutos chamam a sua atenção. João Vitorino, entretanto, não é turista: “manezinho”, nasceu e vive até hoje no interior da Ilha, próximo à comunidade do Sertão do Peri. Não tem o costume de vir ao Centro da cidade. Há mais de 10 anos que não passava pela Avenida Beira-Mar. Esta semana precisou fazer exames em um hospital e assustou-se com o que viu. – Essa nem parece a Florianópolis que eu conheci. Como cresceu! – repetia.

João Vitorino tem razão. A cidade mudou de cara e de tamanho. Tornou-se cosmopolita, algo inimaginável até há pouco mais de duas décadas. Consolidou-se como um pólo migratório, e passou a atrair um número cada vez maior de migrantes e turistas, nacionais e estrangeiros, transformando-se em importante centro turístico do Brasil e do Mercosul.

– O que acho mais interessante aqui é esse paradoxo: Floripa é uma cidade moderna, vibrante, mas ainda conserva um certo ar de interior – comenta a arquiteta Maria Luiza Valverde, que há 10 anos trocou São Paulo por Florianópolis.

A cidade modernizou-se, as áreas centrais verticalizaram-se, os balneários cresceram e sofisticaram-se com construção de hotéis e resorts. Novas avenidas, vias expressas e viadutos foram construídos; surgiram os shopping centers, os centros de convenções e até o aeroporto tornou-se internacional. Hoje, já está até acanhado para receber os milhares de turistas a cada Verão.

A população da Capital experimenta sucessivos incrementos em seu contingente, tendo crescido 3,5 vezes nos últimos 40 anos. As áreas centrais se adensaram e a expansão urbana dirigiu-se para os balneários e para o interior da Ilha.

Crescimento sustentável ainda é o maior desafio

Mas o desenvolvimento acelerado tem um preço. A explosão demográfica, a ocupação desordenada do solo, o desrespeito ao meio ambiente, o aumento da violência são motivos suficientes para a inquietação nos círculos de conversa da cidade. Crescer de forma sustentável é o grande desafio. É preciso assegurar o atendimento das necessidades humanas, sem, no entanto, esgotar a capacidade dos recursos naturais. O desenvolvimento de Florianópolis encontra ainda uma série de limitações decorrentes do fato de ser uma ilha: são 426,7 quilômetros quadrados, imposição à expansão urbana e populacional.

– Precisamos estabelecer limites para o crescimento da cidade. Queremos, sim, grandes avenidas, shoppings, hospitais de excelência e casas de shows. Mas queremos, principalmente, uma cidade onde haja integração harmoniosa entre os ambientes naturais e o sistema urbano – diz a professora de Ecologia Maria Inês Krause.

Ela resume o que pensam e desejam todos os moradores da Capital catarinense.

(Viviane Bevilacqua, DC, 22/04/2007)