14 jan Mudança forçada em um ano
Camelódromo e Direto do Campo podem deixar a área central de Florianópolis por decisão judicial
A determinação da Justiça Federal em desocupar a área onde fica o Camelódromo e o Direto do Campo, no Centro de Florianópolis, pode dar início a uma contagem regressiva que levará ao fim de ambos os serviços.
Conforme a decisão, eles têm exatos 12 meses para sair dali, para que o terreno possa ser devolvido ao governo federal, a quem sempre pertenceu. A não ser, claro, que o recurso apresentado pela prefeitura seja aceito pela Justiça e capaz de reverter a situação.
Até lá, porém, a notícia continuará preocupando muita gente. A Justiça Federal também exigiu que os três estacionamentos existentes no local também sejam liberados.
– Não invadimos nada e ainda pagamos impostos para a prefeitura. Estamos trabalhando de forma legal e com alvará de funcionamento. Não fizemos nada e não podemos ser os prejudicados dessa história – lamenta a presidente da Associação do Camelódromo da Cidade de Florianópolis (Acacif), Rosemeri Maria Duarte Rabello.
A preocupação dela – e do gerente da feirinha, Solano Lara – tem razão de ser. Por mais que a prefeitura garanta que irá recorrer da decisão da Justiça, a má notícia é que esta é a única alternativa de solução. Não existe um plano B. Ou seja, não há para onde remanejar essas pessoas, caso a decisão da Justiça seja mantida.
– Vamos entrar judicialmente nesta briga para tentar reverter a decisão. Essa situação já virou um problema social – diz o secretário de Urbanismo e Serviços Públicos, José Carlos Rauen.
As vidas por trás dos números
A batalha sobre quem vai ficar com o terreno, porém, vai muito além dos processos judiciais. Pelos corredores do camelódromo e da feirinha circulam muito mais do que clientes e estatística de público. Existem vidas que dependem unicamente da fonte de renda adquirida ali. Vidas como a da comerciante Fátima Terezinha Arsênio, 46 anos, que, há 12 mantém um pequeno box no local. O sonho de comprar um espaço maior para aumentar as vendas foi interrompido assim que a discussão teve início.
– Sou mãe e pai dos meus filhos. Eles dependem de mim e eu dependo do que ganho aqui. Só queremos trabalhar para criar nossos filhos e evitar que eles sejam os próximos marginais – protesta.
Próximo dali, a comerciante Dalva de Souza, 53, estava transtornada. Toda a família dela depende do camelódromo para sobreviver: o marido e os dois filhos possuem box no local e investiram em melhorias.
– Boa parte de nossas vidas está aqui. Todo o nosso investimento profissional saiu do nosso bolso. É desesperador não saber como será o dia de amanhã.
(DC, 14/01/2010)