27 abr Acatmar estuda uso de drones britânicos para limpar o mar em SC
Da Coluna de Estela Benetti (NSC, 26/04/2023)
A missão da Associação Náutica Brasileira (Acatmar) ao Reino Unido, encerrada segunda-feira, abriu portas para parcerias em importação de tecnologias e realização de master plans (planos econômicos abrangentes) de marinas para desenvolver a economia do mar. O presidente da associação, Leandro Mané Ferrari, disse que já estão em andamento negociações para trazer robôs para fazer a limpeza dos mares em Santa Catarina, trabalho que a entidade faz hoje sem auxílio de tecnologia.
Segundo ele, empresas britânicas têm barcos não tripulados e robôs que podem descer até o fundo do mar para buscar objetos, garantindo assim uma limpeza maior com segurança. Também contam com softwares para outros serviços que podem ser feitos com o uso de tecnologias avançadas.
– São equipamentos de vários tamanhos ligados a um cabo, que funcionam por controle remoto. Eles permitem enxergar até o que tem no fundo do mar e também podem trazer objetos que estão no mar – explica Mané Ferrari.
Drone britânico em trabalho no fundo do mar
Empresas que integraram a missão já iniciaram conversas com o objetivo de importar essas tecnologias. No caso da Acatmar, por exemplo, por ser uma entidade voluntária, os serviços de limpeza seriam custeados por empresas que patrocinam esse trabalho.
Em missão no Reino Unido, setor náutico busca parcerias e tecnologias
De acordo com o empresário, outro serviço que pode ser feito com esses equipamentos é a batimetria, que é um rastreamento para ver se não existem objetos, bancos de areia ou outros obstáculos que podem afetar a navegação. As baías Norte e Sul de Florianópolis, há anos necessitam de uma nova batimetria, observa ele.
O grupo de sete empresários catarinenses, liderado pelo presidente da Acatmar, fez visita de 10 dias ao Reino Unido a convite do governo daquele país. Eles foram conhecer o setor náutico inglês, participaram de feiras e eventos com vistas a futuras parcerias e também levaram informações sobre o Pronáutica, projeto de incentivos fiscais do governo de SC para a produção de barcos no Estado.
Mané Ferrari, que é ex-presidente da Santur, autarquia de políticas turísticas do governo de Santa Catarina, ficou impressionado com o desenvolvimento econômico promovido a partir do turismo náutico pelas marinas no Reino Unido e na Europa.
Uma das empresas visitadas pelo grupo foi a Marina Projects, de Southampton, sul da Inglaterra, que tem feito projetos, na prática master plans que transformaram a economia de cidades e até países. Um exemplo é a marina que fizeram em Montenegro, pequeno país europeu que derivou da antiga Iugoslávia. Ela acabou atraindo boa parte dos super iates dos Estados Unidos.
Na opinião do presidente da Acatmar, essa empresa pode fazer estudos de viabilidade econômica para instalação de marinas em municípios e estados brasileiros. As novas marinas são equipamentos ecológicos instalados com um certo afastamento da costa, que aquecem a economia e ajudam a manter os mares mais limpos.
Conforme Mané Ferrari, na Europa já fazem a conta de que cada embarcação turística gera 14 postos de trabalho entre diretos e indiretos. Entre as imagens que mais chamaram a atenção do grupo, segundo ele, foi a de um rio no Sul da Inglaterra, onde foram instaladas nove marinas e cada uma atraiu mil barcos, totalizando nove mil embarcações. Isso mostra o potencial que SC está perdendo em atividades de turismo e lazer na área náutica.