20 nov Especialistas de 13 países discutem em Florianópolis inovações tecnológicas
O primeiro dia da “Conferência Internacional de Especialistas em Educação sobre a Escola do futuro, hoje” (CONFIEE), promovida pela Secretaria de Estado da Educação, no Costão do Santinho, em Florianópolis, foi marcado pelo debate de grandes especialistas do Brasil, Estados Unidos, Cingapura, Reino Unido, Espanha, Suécia e Holanda.
Na abertura, o anfitrião do encontro e secretário de Estado da Educação, Paulo Bauer, ressaltou que a troca de experiências pode ampliar ainda mais a qualidade da educação em Santa Catarina, já reconhecida nacionalmente pelos destaques apontados em índices educacionais e nas recentes avaliações do Ministério da Educação (MEC).
Segundo Bauer, apesar de o Brasil apresentar números inferiores em relação aos países mais desenvolvidos, o Estado desponta com 3%, o menor índice de analfabetismo do País. “Este trabalho se desenvolve em parceria com as redes municipal e privada, a partir de ações inovadoras na área pedagógica, utilizando mecanismos e possibilidades tecnológicas”, explicou. O secretário disse que isto só é possível pela preparação dos professores. “Dos cerca de 40 mil profissionais, 95% têm formação superior. E destes, 60% são especialistas, o que se reflete na educação oferecida aos estudantes catarinenses”, afirmou.
Palestras – Após a abertura, 19 especialistas de 13 países passaram à discussão do tema. Em primeiro lugar falou o representante do Instituto Lumiar, Tel Amiel, do Brasil, sobre “Reengenharia Educacional”. Segundo ele, o projeto SYNAPSES, que nasceu da parceria com o Instituto, parte da formação continuada dos professores, atualizando-os para o uso de diferentes mídias, da implementação do currículo formal e da atribuição de novas funções aos docentes. “Parte-se do princípio de que não há um conjunto fixo de idéias, mas de uma idéia de evolução e de novas aplicações do currículo, que deve ser multidisciplinar”, comentou.
Na sequencia, foi a vez da especialista norte-americana do “Maine Center for Digital Learning” (MICDL), Bette Manchester, explanar sobre a experiência da aprendizagem digital desenvolvida no estado do Maine (EUA). De acordo com a educadora, o projeto proporciona acesso a conteúdos digitais para todos os alunos da rede de ensino, interligando as escolas e tornando mais fácil a avaliação, tanto dos estudantes quanto do processo educacional. Parcerias com universidades e empresas privadas tornam possível o investimento em computadores para todos os alunos.
Sobre o tema “Web 2.0 e educação”, Neil Selwyn, do Laboratório do Conhecimento da Universidade de Londres (Inglaterra), destacou a importância de um debate mais fundamental, “ver para quê serve a educação”. Para ele, a essência do debate é saber como devem ser as escolas e a quais interesses elas servem. Enfatiza ainda, que para identificar o papel da tecnologia na educação, a questão é saber se a aplicação das tecnologias vai mudar estes aspectos fundamentais. “A maioria das escolas não está mudando com a Web. 2.0 como deveriam, mas devemos ter uma posição intermediária. Fala-se muito em adequar a escola para a tecnologia e não em preparar a tecnologia para aplicar na escola”, disse Selwyn.
A importância do apoio político nas iniciativas ligadas à implantação de tecnologias da informação e comunicação foi o tema abordado pelo sueco Jan Hylén. De acordo com o especialista em Ciência Política, o envolvimento estatal é de suma importância, não só no aspecto financeiro, mas também, na divulgação e manutenção dos programas elaborados. Ele citou o exemplo de projetos desenvolvidos nos países nórdicos, destacando que apenas as iniciativas que tiveram suporte político geraram resultados positivos.
Avaliações – Para David Hung, de Cingapura, “a pedagogia deve ser apoiada pela tecnologia, e não o contrário”. Segundo ele, a implantação de tecnologia não significa que os professores vão conseguir mudar e passar aos usos da tecnologia digital. De uma forma geral, em Cingapura, os educadores são excelentes em conteúdos, “mas não são tão bons quanto aos processos, quanto à investigação dos conteúdos”.
Em relação ao uso das tecnologias educacionais, Isaac Ferreira, gerente de Ensino Fundamental da Secretaria de Estado da Educação, afirmou que o primeiro dia de palestras mostrou experiências sistematizadas de outros países a serviço da aprendizagem. “Santa Catarina não fica atrás do que já foi apresentado, apenas ainda não temos a cultura de sistematizar e divulgar projetos exitosos nesta área”. Explica que na rede estadual há excelentes projetos pedagógicos, porém os resultados empíricos não são divulgados.
O Diretor de Educação Básica da Secretaria de Estado da Educação, Antonio Pazeto, afirmou que o primeiro dia do evento serviu para demonstrar que a analise do tema das tecnologias da informação e comunicação aplicadas à educação estão em um estágio emergente em todos os países. “Ainda não existe um denominador comum no entendimento do tema, mas constatou-se que todos estão na busca de adequar as tecnologias para contribuir no processo de aprendizagem”, complementou. A conferência continua nesta sexta-feira
(Adjori/SC, 20/11/2009)