Os donos do pedaço…

Os donos do pedaço…

Do blog de Cesar Valente (DC, 30/10/2009)

Se tem uma coisa chata, numa viagem de turismo, é fazer as malas, mudar de hotel, desfazer as malas e no dia seguinte começar tudo de novo. Este é um dos motivos pelos quais sou fã dos cruzeiros marítimos: a gente chega no “hotel” desfaz as malas e o “hotel” é que viaja, visitando as cidades.

Só no final do passeio é que se empacota tudo e parte pra outra. Durante a viagem, o quarto continua o mesmo, a cama a mesma, só a paisagem que muda. Côsa linda!

Os lugares que a gente visita, nas escalas do navio, também não têm do que se queixar. Um monte de gente desce do “hotel” descansado, querendo ver novidade, levar lembrancinhas e conhecer um pouco daquela região.

MAS…

Florianópolis, algum cabeça de motim inventou que os cruzeiros tiram clientes “dos resorts” (o plural é bobagem, porque na Ilha só tem um, o Costão do Santinho). E aí, a associação dos hoteleiros comprou a briga: somos provavelmente o único destino turístico do mundo que não só não quer receber navios de cruzeiro, como também combate abertamente esse segmento da indústria turística.

Uma insensatez. Um despautério. Uma, com o perdão da palavra, burrice inominável.

Os argumentos dos que são contra os cruzeiros não se sustentam, diante das histórias de sucesso dos locais que acolhem adequadamente esses hotéis flutuantes.

Isso de que devemos impedir os navios de cruzeiro de atracar na nossa ilha para não prejudicar o Costão do Santinho, só demonstra uma coisa (além da já comprovada falta de visão): esse pedaço tem dono.

E, como tem dono, não é possível que idéias mais arejadas circulem, que iniciativas de diversificação turística prosperem. E enquanto os donos do pedaço e seus amigos não tirarem, das suas cabeças duras, essas idéias provincianas, atrasadas e isolacionistas, tudo continuará dessa forma surrealista: a ilha com maior potencial turístico do sul do mundo, dispensa os cruzeiros turísticos e seus milhares de turistas.