Florianópolis perde rota milionária dos cruzeiros e segue de costas para o mar

Florianópolis perde rota milionária dos cruzeiros e segue de costas para o mar

Da Coluna de Renato Igor (NSC, 04/11/2023)

É uma vergonha que Florianópolis siga de costas para o mar. Sendo a capital de Santa Catarina grande parte uma Ilha, é um descalabro não termos ainda o transporte marítimo como modal complementar no transporte coletivo, integrado com ônibus municipais e intermunicipais e ciclovias.

Além disso, nem causa mais espanto, mas revolta o fato de que Florianópolis não dispõe de uma estrutura mínima para receber o milionário mercado de cruzeiros que iniciou em outubro e vai até maio de 2024, devendo movimentar R$ 5 bilhões no Brasil, segundo dados da Associação Brasileira de Cruzeiros Marítimos (Clia Brasil).

Em Santa Catarina, navios vão partir de Itajaí, com escalas em Porto Belo e Balneário Camboriú e escalas-teste em São Francisco do Sul e Penha. O porto de Itajaí espera arrecadar somente em taxas R$ 9,5 milhões e há uma expectativa de movimentar R$ 48,6 milhões na economia local da cidade, com prestadores de serviços, fornecedores e comércio. Multiplique isso nas outras paradas no litoral catarinense.

Dá para fazer. Mas é preciso trabalhar, ter um diagnóstico local, estudos e um planejamento estratégico. Em Florianópolis são dois problemas: não temos planejamento estratégico e há uma insegurança jurídica enorme, motivada, muitas vezes, por razões ideológicas arcaicas contra o capital, com forte influência em órgãos de controle, sob o falso verniz da proteção ambiental.

O mar mediterrâneo, que banha vários países da Europa, é repleto de transatlânticos que aportam em águas cristalinas. O mesmo ocorre nos Estados Unidos. Com um bom projeto e planejamento se alcançam o equilíbrio social, econômico e ecológico.

A Carta Náutica de Florianópolis é de 1957. A Associação Náutica para o Brasil (Acatmar) entregou, em Brasília, em 2013, o pedido para fazer uma nova. Nada ocorreu.

O estudo de batimetria da área foi concluído em 2017 e os pontos perigosos encontrados foram homologados na Capitania dos Portos, mas até agora não se colocou a marcação na água. Mesmo assim, seria possível fazer uma escala-teste, mas não fizemos a retroárea, que é a estrutura de receptivo em terra.

Assim, sem fazer o dever de casa, fica realmente difícil.