31 out O problema da mobilidade na região metropolitana
Artigo de Joaquim Inácio Campos Nóbrega Júnior, presidente do Conselho Consultivo da FloripAmanhã
Grande parte da demanda por transporte público na capital é proveniente de pessoas que moram fora de Florianópolis mas aqui trabalham, utilizam serviços, fazem compras, frequentam escolas, e outras atividades. Assim sendo, o problema é metropolitano e a mobilidade deve ser tratada como um sistema metropolitano.
A população de Florianópolis tem aumentado continuamente, e este aumento tende a ser maior com o novo Plano Diretor, que estimula o adensamento urbano e, portanto, a oferta de imóveis para moradias, escritórios e comércio. Isto vai demandar mais serviços de trabalhadores, que em grande parte vai morar fora da cidade.
Por outro lado, a demanda por transporte público está diminuindo, ao passo que há um aumento contínuo da circulação de carros e motos, o que prejudica o fluxo de tráfego, fazendo com que os tempos de viagens seja maiores, com crescentes impactos econômicos, sociais, ambientais e de saúde, comprometendo o nível de qualidade de vida de todos.
Como a ampliação da infraestrutura rodoviária é muito limitada pelas características urbanas da capital, a saída é aumentar a velocidade de tráfego do transporte público e desestimular o transporte individual por carros e motos. Isto implica na necessidade de uma gestão compartilhada do sistema entre Governo do Estado e os municípios. Este compartilhamento deve ser estruturado e regulado de acordo com o Estatuto da Metrópole, instituído pela Lei Federal nº 13.089/2015.
O Governo do Estado de Santa Catarina, elaborou em 2014 o PLAMUS – Plano de Mobilidade Urbana Sustentável da Grande Florianópolis, mas até hoje ele não foi implementado. O PLAMUS prevê a adoção de um sistema metropolitano integrado, com uma estrutura tronco-alimentadora, com linhas troncais dotadas de BRTs (que alguns chamam de metrô de superfície), que são ônibus rápidos de grande capacidade, transitando em faixas exclusivas de tráfego. O sistema prevê a utilização de bilhetagem eletrônica e deverá ter tarifa única, que futuramente poderá ser zero. .
Como a mobilidade tende a piorar, não há tempo a perder, visto que qualquer solução adequada que se adote hoje, vai demorar anos para ser implementada e começar a gerar resultados.
(ND, 29/10/2023)