02 out Grande Baile Místico retorna em outubro para celebrar o universo fantástico da cultura local de Florianópolis
Após 4 anos de espera, a Ilha de Santa Catarina vai rever (e se encantar com) o desfile do Cortejo Alegórico Grande Baile Místico que celebra a Magia da Ilha e o universo fantástico da cultura local. Os personagens folclóricos estarão no dia 8 de outubro, na Praça XV, em Florianópolis, em clima de carnaval de primavera.
A volta do grande cortejo alegórico faz parte da programação da Feira da Cascaes – Outubro Místico (Fundação Franklin Cascaes/SETUR/PMF) – que contará com gastronomia, feira de artesanato e o desfile dos seres encantados que habitam na Capital. Haverá também programação especial para o Dia das Crianças. Toda a programação é gratuita e aberta ao público.
O Cortejo Baile Místico terá início às 15h30, no Largo da Catedral, e vai percorrer as ruas da cidade, saindo da Tenente Silveira até à Rua Deodoro e dali em direção ao Mercado Público encerrando com o Show de Valdir Agostinho no Largo da Alfândega. A proposta se inspira na lenda Baile de Bruxas em Itaguaçu, de autoria de Gelci José Coelho – Peninha (amado por todos da cidade e arredores, discípulo de Franklin Cascaes, que deixou os foliões e seguidores órfãos com a sua partida em 16 de março deste ano).
No conto, certa madrugada, após o sabá, umas bruxas estavam jogando conversa fora e comentaram a respeito dos lindos bailes do Clube 12 de Agosto. Então, decidiram promover uma festa ainda melhor e convidaram todos os seres sobrenaturais, menos o diabo, porque fedia a enxofre e era muito inconveniente. Chamaram então o boitatá e sua família, lobisomens, sereias e ondinas, fantasmas, gigantes, marcianos, curupiras, caiporas, cucas, sacis e outros.
Uma bruxa fofoqueira contou tudo ao tinhoso que, sentindo-se traído por ter sido deixado de fora, castigou todas as bruxas, transformando-as em pedras. Segundo Peninha: “o feitiço virou contra o feiticeiro, pois a paisagem, de bela que era, tornou-se um cenário idílico, mágico e encantador”.
O projeto homenageia todos os artistas locais que se dedicaram ao tema do mito e da magia na arte catarinense. A lista até agora alcançou os seguintes: Franklin Cascaes, Gelci Coelho – Peninha, Meyer Filho, Vera Sabino e Jandira Lorenz. O número de artistas locais que se dedicaram ao tema é grande e as homenagens deverão continuar por muitos anos. É o que esperam os organizadores.
Assim, as bruxas da Ilha são as charmosas anfitriãs do evento e vão desfilar na companhia de personagens como: toda a turma do boi-de-mamão, Dona Bilica, o boitatá de Cascaes, o Galo de Meyer Filho, o Bruxomanéagostinho, os Bloco 25 Bichos do Jogo, o Lobisomem da Lagoa, os Fantasmas de Anhatomirim, a Sereia Manezinha, os bonecos do bloco Berbigão do Boca e muito mais. A música será de primeira com a participação de 3 bandas: Amor à Arte, Bateria do Baiacu e Bloco Cores de Aidê. Neste ano as artistas homenageadas são Vera Sabino e Jandira Lorenz.
O desfile é resultado de um trabalho de cooperação que acabou ganhando corpo de Coletivo Cultural e reunirá um grande número, dos mais expressivos artistas locais, que trabalham no tema da mitologia e universo fantástico da cultura local, reunindo pessoas de quase todas áreas da cultura.
O movimento Baile Místico nasceu em 2019, da inquietação de um grupo de pessoas preocupadas com a amnésia cultural de Florianópolis. Muitos moradores nunca ouviram falar de capítulos importantes da história do Brasil, como a união dos revolucionários federalistas dos três Estados do Sul do Brasil, que transformaram Desterro em sede da república independente por seis meses no final do século 19, e a reação do governo de Floriano Peixoto, que assassinou 185 moradores na Ilha de Anhatomirim.
Assim, a Ilha passou a denominar-se Florianópolis, a cidade de Floriano, que mandou trucidar líderes, empresários, políticos e tantos outros, para dar desfecho definitivo à questão federalista, como lembra a professora Vera Colaço, da Udesc, para quem o nome Desterro era abominado pelos seguidores de Floriano Peixoto, que o interpretava como palavra de rebeldia. Franklin Cascaes, que também teve três parentes assassinados em Anhatomirim, negou-se até a morte a usar Florianópolis como nome da sua cidade.
COMO TUDO COMEÇOU…
Foi no dia 4 de outubro de 2019 que o grupo iniciou o movimento, com uma programação que incluiu: a Aula-Performance Berro pelo Desterro (que lembrou os 125 anos da imposição do nome Floriano para apagar Desterro), debates, feira de artesanato e gastronômica encerrando com o lindo Cortejo Baile Místico, que encantou a quem teve a sorte de assisti-lo.
Às 18 horas daquele dia, ocupando as ruas do Centro Histórico da cidade, o Cortejo Baile Místico reuniu cerca de 500 pessoas em um desfile alegre e musical, com fantasias de bruxas, boitatás e outras figuras folclóricas e alegorias.
Nos anos seguintes ao seu lançamento, o projeto enfrentou a crise desencadeada pela pandemia da Covid-19 e o cortejo não pôde ser realizado. O Coletivo Cultural resistiu e organizou as homenagens em formato de murais de arte de rua e as homenagens a Meyer Filho e Vera Sabino encantaram a cidade com os painéis pintados por Rodrigo Rizo e Tuane Ferreira (respectivamente) nas duas empenas do lendário Edifício Comasa, na Rua Felipe Schmidt, no centro.
Neste ano de 2023 o desfile terá um ar de resistência, de sobrevivência. As atividades começaram cedo. Já no Carnaval, o Bloco Berbigão do Boca (patrimônio imaterial da cidade) convidou o Coletivo Baile Místico para o desfile e surgiu então o BLOCO MÍSTICO, que fez grande sucesso no carnaval da Ilha, com a adesão de 150 foliões.
Organizadoras:
Patrícia Amante (48) 98828 6479
Alessandra Gutierrez (48) 98409 7565
Bebel Orofino (11) 97330 5556
Feira de Cascaes (FCFFC/SETUR/PMF): Roseli Pereira (48) 99908 5753
Conselho Curador: Sandra Makoviecky (representante) (48) 99983 0399
SERVIÇO
O QUE? Cortejo Alegórico Grande Baile Místico
QUANDO? 8 de outubro de 2023, às 15h30
ONDE? Início: Praça XV, Largo da Catedral em Florianópolis
QUANTO? Gratuito
(DeOlhoNaIlha, 30/09/2023)