14 dez RAPI: Principais problemas de Florianópolis
Da Coluna de Renato Igor (NSC, 13/12/2022)
Os principais problemas de Florianópolis são saneamento básico e mobilidade urbana. A conclusão consta no 6º Relatório Anual de Progresso dos Indicadores de Florianópolis (RAPI), uma realização da FloripAmanhã, UFSC e Observatório Social do Brasil da capital. O documento foi apresentado na manhã desta terça-feira (13) ao prefeito Topázio Neto.
No âmbito do saneamento, verificou-se que a percentagem anual de moradias afetadas por inundações intensas decorrentes de transbordamentos dos sistemas de drenagem e esgoto e de inundações causadas por rios e marés subiu para 9%.
— Florianópolis precisa passar na macrodrenagem por uma reformulação em paralelo com investimentos em esgotamento sanitário — disse Vinicius Ragghianti, presidente da Associação Catarinense de Engenheiros Sanitaristas e Ambientais, em entrevista ao programa Condomínio Legal da CBN Floripa.
Já no orçamento dedicado à “Mitigação de Riscos de Desastres Naturais”, houve um pequeno aumento, de 0,076% para 0,1%, mas este valor ainda está muito abaixo do esperado, que deveria ser superior a 0,5%.
Quanto à Gestão de Resíduos Sólidos, o percentual de resíduos compostados é muito baixo, tendo inclusive diminuído de 2,3% para 0,91%, com relação ao ano anterior, muito longe do que pode ser considerado satisfatório (20%).
O percentual de resíduos sólidos separados e classificados para reciclagem também está muito abaixo do desejado e caiu ainda mais em 2021, de 5,95% para 3,76%.
Mobilidade
O que causou preocupação é a falta de dados disponíveis sobre mobilidade urbana. O relatório apontou graves problemas e dificuldades de encaminhamentos devido à falta de disponibilidade de informações.
O tema está estruturado em 26 indicadores, sendo que apenas 6 permitem afirmar o estado satisfatório de atenção ou insatisfatório do item em apreciação. O relatório sinaliza que Florianópolis precisa conhecer a quantidade de quilometragem de vias sem pavimentação, bem como a quantidade de calçadas com ou sem calçamento. O custo anual por passageiro usuário do sistema de transporte público, bem como a velocidade média do sistema, também não foram informados.
A relação carros por habitante é um dos fatores que congestionam as artérias viárias da cidade. “A frota de veículos particulares cadastrados no Detran é 0,63 veículos/habitantes, o que dificulta sobremaneira a mobilidade, pois o ideal é que seja inferior a 0,3 veículos/habitantes”.
Positivo
Por outro lado, a segurança traz aspectos muito positivos, com homicídios, feminicídios e roubos diminuindo gradativamente nos últimos anos. E a taxa de mortalidade infantil também segue reduzindo desde o início do monitoramento, isto é, passou de 10,6% por 100.000 habitantes em 2014 para 6,1% em 2021, sendo que a faixa verde tolera até 20% de mortalidade infantil por 100.000 hab.
Lição
Ivo Sostizzo, coordenador do RAPI na FloripAmanhã e mestre em planejamento urbano, professor aposentado da UFSC e técnico aposentado do IPUF, em entrevista ao Conversas Cruzadas da CBN Floripa, ressaltou a importância da coleta de dados na cidade.
— Nos falta uma cultura em Florianópolis de coleta de dados. Muitos acham que é desnecessário ou inconveniente. O RAPI tem grande influência na administração municipal, que passou a incorporar a visão dos indicadores e a adotar progressivamente o ato administrativo cada vez mais apoiado em bases técnicas. Não há como fazer gestão pública sem indicadores, é o que permite ter políticas públicas que atendam às necessidades da população — afirmou Ivo.