11 out Missão Medellín: o que a cidade pode ensinar aos catarinenses?
Artigo de Daniel Leipnitz
Presidente do Sapiens Parque e um dos coordenadores do Movimento Floripa Sustentável
Sabe aquela pessoa que estava na pior, que quase ninguém acreditava que pudesse se recuperar e que de repente deu a volta por cima?
A cidade de Medellín, na Colômbia, de onde escrevo este artigo, era o que os céticos chamavam de caso perdido. Só que ela aprendeu com os erros, se transformou, vai muito bem e é exemplo para várias cidades do mundo.
Por isso, para ver como a cidade conseguiu dar esta guinada, empresários, arquitetos, gestores públicos e professores universitários de Florianópolis estão participando da Missão Ecossistemas de Inovação, organizada pelo Cidade Inovadora, de 8 de outubro até o dia 15.
É importante buscar bons exemplos em qualquer parte do mundo, como na Europa ou Estados Unidos. Às vezes, porém, a realidade desses países é muito diferente da nossa, o que dificulta adaptar certos conceitos e experiências. A Colômbia, por sua vez, tem muitas coisas em comum com o Brasil. Por isso a visita é tão importante.
A pergunta principal que nos motivou a vir foi a seguinte: Quais estratégias Medellín usou para dar um salto tão gigantesco na qualidade de vida? A primeira coisa que percebi aqui é que eles se reinventaram a partir de um pacto de inovação, do qual fizeram parte mais de 4 mil entidades, organizações e associações de bairro, com objetivo de desenvolver a cidade.
Em resumo, o pacto focava em educação, inovação e empreendedorismo. O resultado disso? Em 2013, Medellín ganhou o título de cidade mais inovadora do mundo. Na prática, as pessoas de maior vulnerabilidade conquistaram dignidade, as comunidades mais carentes foram reordenadas – muitas têm escada rolante, teleférico. Comunidades que antes eram inacessíveis, hoje são atrações turísticas.
Houve uma integração entre o morro e o asfalto, o que trouxe a sensação, para todos, de pertencimento. O transporte público foi repensado, os espaços públicos valorizados. Com isso, a violência diminuiu, a economia melhorou, os serviços públicos ficaram mais eficientes e as empresas mais competitivas. Obviamente nem tudo são flores, há muitos desafios e problemas, mas o que eles fizeram é realmente extraordinário.
Estou tendo contato com estas experiências a partir de palestras, visitas técnicas, networking com empresários e gestores públicos. Enfim, vejo na prática que é possível melhorar uma cidade, basta unir esforços de forma integrada e inteligente.
(ND, 11/10/2022)