04 out Feira de Cascaes: um reencontro com a Praça XV
Artigo de Fernando Teixeira
Arquiteto e Urbanismo (UFSC), mestre em Geociências e Doutor em Educação Científica e Tecnológica (UFSC), natural de Florianópolis.
Há pouco mais de um ano, ainda durante o período de pandemia, a Praça XV de Novembro, um dos locais mais encantadores e tradicionais de Florianópolis, viu surgir entre suas belas edificações e a centenária figueira, a Feira de Cascaes. Uma ideia desenvolvida pela Fundação Cultural de Florianópolis Franklin Cascaes, com o objetivo de dar impulso a uma rotineira utilização do Centro da cidade aos domingos.
Geralmente pouco movimentado nos finais de semana, esse local, que no passado já foi ponto predileto para paqueras e namoros, tem agora uma nova oportunidade de ver ressurgir sua importância no cenário urbano de nossa capital, como um ponto de encontro dos florianopolitanos.
Segundo Marcio Costa, Superintendente da Fundação, a primeira edição precisou ser restrita a um público de no máximo 500 pessoas, tendo em vista serem necessárias medidas sanitárias adotadas para barrar o avanço do Coronavírus. Com a retomada natural das atividades, a feira vem criando vulto. Até o momento, já foram realizadas seis edições do evento, sendo que a última contou com um público aproximado de 10.000 pessoas, movimentando em torno de 250 mil reais em vendas para os expositores, distribuídos em mais de 100 barracas.
Para que a feira possa se consolidar no calendário da cidade, a Fundação de Cultura adotou a estratégia de, em num primeiro momento, realizá-la a cada dois meses, com uma programação forte que envolva um número considerável de atrações e, com isso, possa ser reconhecida como algo imprescindível para a vida social dos florianopolitanos.
A ideia é no futuro transformá-la numa feira semanal, como a do Largo da Ordem, em Curitiba, ou San Telmo, em Buenos Aires. A proposta dos organizadores, é fazer com que a Feira de Cascaes seja um espaço onde aqueles que desenvolvem trabalhos autorais possam ter um local de grande visibilidade para divulgar ou comercializar o resultado de sua produção. Para isso, a Fundação Municipal de Cultura efetua um chamamento, afim de que os interessados realizem uma inscrição prévia visando sua participação no evento.
Uma equipe da Fundação faz a análise preliminar das solicitações, buscando identificar e dar preferência à produção artesanal local, assim como à comercialização de produtos alimentícios que valorizem a gastronomia da região. A Feira conta também com uma série de apresentações artísticas e culturais que procuram envolver diferentes públicos.
Neste sentido, a Organização Social Instituto Floripa Jazz, contratada pela PMF através de edital, é responsável por viabilizar as condições materiais para que estas venham a acontecer de maneira adequada, atendendo as características do evento. Artistas de diferentes áreas, que desejam se apresentar na Feira, enviam seus projetos à essa OS, e, se aceitos, passam a fazer parte da programação de forma remunerada.
Existe ainda a possibilidade dos que apenas desejam mostrar seus trabalhos sem contrapartida estrutural e financeira do município. Para estes, basta que comuniquem sua intenção à Fundação de Cultura para que esta conceda a autorização.
Outro fator importante e que merece destaque é a crescente retomada de atividades comerciais no entorno da Praça XV de Novembro. Na última edição, bares e restaurantes das ruas Tiradentes, Victor Meireles, do Mercado Público, assim como o café localizado no Largo da Alfândega, abriram suas portas, inclusive proporcionando a seus clientes, atrações artísticas próprias, dando ainda mais robustez ao evento. Fator relevante e que precisa ser ressaltado, é a presença de importantes elementos que compõem o mosaico da cultura e das tradições locais e regionais.
Rendeiras, oleiros, grupos de bois de mamão, além de indígenas, assim como grupos tradicionais de outras localidades, são estimulados a participarem do evento, mostrando toda sua potencialidade e beleza. Para a próxima edição da Feira, que acontecerá no dia 09 de outubro, das 10h às 17h, a Fundação Franklin Cascaes desenvolverá uma série de atividades direcionadas ao público infantil, em função de sua proximidade com o dia das crianças.
Na oportunidade, estarão sendo arrecadadas doações de brinquedos e roupas infantis que serão distribuídos a comunidades carentes de Florianópolis. Outras atividades também farão parte da programação, destacando-se entre estas um torneio de dominó a ser realizado sob a sombra da tradicional figueira da Praça XV, o Bailinho do Meira, com o guitarrista Luiz Meira, e uma apresentação do músico Gustavo Barreto, com seu especial “Tim Maia”.
Ainda neste mesmo dia, coincidindo com a programação da feira, acontecerá no Largo da Catedral a já tradicional apresentação da Orquestra de Baterias, reunindo mais de 200 bateristas.
Com a Feira de Cascaes, a Praça XV de Novembro volta a ser o palco principal da capital catarinense, trazendo como espetáculo o reencontro de nosso povo com esse magnifico espaço que já foi cenário de tantas e deliciosas histórias. A Praça é nossa! Vamos curti-la?
(Portal Imagem da Ilha, 03/10/2022)